Título: Diretor-geral da TV Brasil pede demissão
Autor:
Fonte: O Globo, 18/06/2008, O País, p. 10

Indicado pelo MinC, Senna tinha posições divergentes do grupo de jornalistas que também comanda a rede

BRASÍLIA. Com menos de um ano de trabalho como diretor-geral da TV Brasil, o cineasta Orlando Senna pediu demissão ontem do cargo. Senna deixou a TV por divergências internas sobre a condução da rede pública. Ex-integrante do Ministério da Cultura, Senna tinha posições divergentes do grupo de jornalistas que também ocupa cargos de direção na TV.

Segundo comunicado da empresa, a saída dele ocorreu por "razões pessoais, considerando já ter dado sua contribuição para a implantação da TV pública". A diretora-presidente da TV, Tereza Cruvinel, vai acumular interinamente a função.

Senna ficou no cargo por oito meses e foi um dos principais idealizadores da TV pública brasileira, sendo indicado pelo Ministério da Cultura para um dos principais cargos da TV.

Além de Senna, também entregou pedido de demissão o diretor de Relacionamento e Rede, Mário Borgneth, responsável pelas negociações com as emissoras educativas estaduais para a formação da rede pública de televisão. A saída de Borgneth não foi explicada pelo comunicado da TV Brasil, que apenas informou que, interinamente, acumulará o cargo o atual diretor de Serviços da empresa, José Roberto Garcez.

Borgneth tinha divergências em relação à decisão de retransmissão do noticiário nacional para as afiliadas regionais. Senna e Borgneth tinham também como prioridade a compra de produtos e programas, enquanto que o grupo de jornalistas à frente da TV Brasil defende a produção de programação regional para a grade da TV.

Orlando Senna e Borgneth não foram localizados para comentar sua saída.

Esta não é primeira baixa na cúpula da TV pública. Há dois meses, o editor-chefe do principal jornal da rede, Luiz Lobo, pediu demissão acusando o governo de ingerência política no jornalismo da emissora. Na época, denunciou que o caso sobre gastos no governo Fernando Henrique não podia ser chamado de "dossiê". A direção da TV negou que fora esse o motivo da saída do jornalista e disse que ele não se dedicava como esperado ao jornal da emissora. O caso está sendo apurado pelo Conselho Curador da TV pública.