Título: Só compadre de Lula fala hoje no Senado
Autor: Doca, Geralda ; Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 18/06/2008, Economia, p. 24

Sem presença dos sócios brasileiros, oposição não espera revelações

BRASÍLIA e RIO. O advogado Roberto Teixeira - compadre de Lula que assessorou a venda da VarigLog para o fundo americano Matlin Patterson e três brasileiros - será o único convidado a prestar esclarecimentos hoje na Comissão de Infra-estrutura do Senado. Teixeira preparou um extenso Powerpoint para explicar sua participação no negócio e enfatizar que sua atuação foi jurídica. Tentará provar que combateu decisões arbitrárias da ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu - que acusa a Casa Civil de pressionar em favor do negócio - e negará ter recebido US$5 milhões pelo trabalho.

Os sócios brasileiros da VarigLog (Marco Audi, Marcos Haftel e Luiz Eduardo Gallo) alegaram não poder ir à comissão porque no mesmo horário participarão do julgamento, na 7ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, de agravo que pode reconduzi-los à Volo do Brasil (controladora da VarigLog). Segundo fontes do setor, a presença deles no TJ-SP para uma decisão interna é desnecessária e pode ser uma tentativa de adiar o depoimento e evitar um possível confronto com Teixeira, que pedira para falar sozinho.

A oposição admite que não aguarda revelações bombásticas. Esperava um confronto entre Teixeira e Audi, segundo o qual o advogado é "o homem que faz chover", numa alusão a sua influência no governo.

- Com apenas um depoente, a audiência vai deixar a desejar - lamentou o líder do Democratas, senador José Agripino (RN).

Já os governistas estão tranqüilos. A orientação do Planalto é ressaltar que há hoje uma briga empresarial. Segundo o líder do PSB, senador Renato Casagrande (ES), é um assunto para a Justiça, não para o Senado.

O Planalto considera muito pequeno o potencial de desgaste do depoimento de Teixeira, que avalia estar seguro de suas ações. Para o Planalto, Audi também não estaria disposto a criar problemas ou falar de pressão da Casa Civil. A reunião de ontem da coordenação concluiu que o episódio não passa de uma crise artificial. (Adriana Vasconcelos, Erica Ribeiro e Gerson Camarotti)