Título: Homossexualismo é explicado pela evolução
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Fonte: O Globo, 18/06/2008, O Globo, p. 33

Componente genético favoreceria a fertilidade das mulhe ROMA. Um dia depois de uma pesquisa do Instituto Karolinska, na Suécia, revelar que o cérebro dos homossexuais apresenta características muito similares ao do sexo oposto, um outro estudo, desta vez da Itália, apresenta novos indícios de que a homossexualidade (neste caso a masculina) seria um traço biológico, herdado das mães, cuja disseminação pode ser explicada pela Teoria da Evolução.

O homossexualismo masculino, segundo afirmam os cientistas responsáveis pelo estudo, seria fruto de fatores psicossociais e também genéticos. No entanto, sustentam, sempre foi difícil explicá-lo a partir da Teoria da Evolução de Charles Darwin, segundo a qual para um determinado traço se perpetuar na população ele deve conferir vantagens à perpetuação da espécie. Como seria menos provável que os homossexuais masculinos se reproduzissem, a tendência, ao longo dos anos, seria que o traço desaparecesse.

Agora, os cientistas Andrea Camperio Ciani e Giovanni Zanzotto, da Universidade de Padova, e Paolo Cermelli, da Universidade de Torino, descobriram que a origem evolutiva e a manutenção da homossexualidade masculina na população pode ser explicada por um modelo baseado na idéia da seleção sexual antagônica ¿ segundo a qual fatores genéticos são disseminados por darem vantagens reprodutivas a um dos sexos e desvantagens para o outro.

Seleção sexual antagônica é explicação

Um estudo de 2004 já tinha revelado que as mulheres nas linhagens maternas de homossexuais masculinos são, em média, mais férteis que as demais. Na nova pesquisa publicada na ¿Public Library of Science¿, eles concluem que o melhor modelo para explicar a disseminação do homossexualismo masculino e o aumento da fertilidade feminina é o da seleção sexual antagônica. Esse tipo de evolução já foi registrado em insetos, aves e em alguns mamíferos, mas nunca em humanos.

Em outras palavras: o componente genético presente nos homossexuais é passado pela linhagem materna. Essas mulheres, em contrapartida, são mais férteis que a média, gerando, portanto, mais descendentes. Este tipo de evolução, segundo explicam os cientistas, levaria a uma taxa maior de fertilidade na população em geral, além de ser importante para manter uma grande diversidade genética na população.

¿As descobertas oferecem uma nova percepção da homossexualidade masculina entre os seres humanos¿, escrevem os pesquisadores. ¿Em particular, promovem uma mudança de foco, na qual a homossexualidade não deve ser vista como um traço prejudicial (à espécie, dada à redução da fertilidade masculina implicada), mas sim considerada dentro de um quadro evolutivo bem mais amplo, que promove a fertilidade feminina.¿res e, por isso, foi disseminado