Título: Família de Celso Furtado pede indenização à Comissão de Anistia
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Fonte: O Globo, 19/06/2008, O País, p. 13

Parentes ainda querem valor equivalente ao de um diretor do BNDES

BRASÍLIA. A Comissão de Anistia analisa processo para que o economista Celso Furtado seja declarado anistiado post-mortem, e seus parentes tenham direito a indenização. O caso de Furtado entrou na pauta de votação na semana passada, mas o julgamento foi suspenso porque a comissão decidiu fazer uma consulta ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No pedido, os familiares pedem que o valor da prestação mensal seja equivalente ao salário atual de um diretor do banco. Foi encaminhado um pedido ao BNDES para fornecer essa informação.

Em seu ex-blog, o prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), critica o pagamento de indenização à família de Furtado como funcionário do BNDES. O prefeito afirma que o economista ocupou uma diretoria do banco durante dois anos, no governo de Juscelino Kubitschek, mas nunca foi dos quadros da instituição. Segundo Cesar, o valor pedido seria de R$30 mil.

"A memória de Celso Furtado não merecia isso. Bastaria o presidente da República considerar a sua família depositária de pensão por esse valor, e propor por lei. Ou MP como ele prefere sempre. Mas a Comissão de Anistia ferir a memória de Celso Furtado assim, com uma ilegalidade, isso ele não merecia, nem estaria de acordo", afirmou Cesar no blog.

Economista saiu do banco para fundar a Sudene

Celso Furtado ocupou, no final da década de 50, uma diretoria do BNDE, ainda sem o "s", como a instituição era batizada à época. Foi um dos principais economistas brasileiros e chegou a ser cotado para concorrer ao Prêmio Nobel de Economia. Furtado saiu do BNDE para ajudar a fundar a Sudene, e foi ministro do Planejamento do governo João Goulart.

Com o Ato Institucional número 1, seguiu para exílio na França. Com a Lei de Anistia, em 1979, voltou a visitar o Brasil, e filiou-se ao PMDB. Em 86, foi nomeado ministro da Cultura do governo José Sarney. Furtado, em 2002, apoiou a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. Ele faleceu em 2004.