Título: Lula manda indenizar famílias
Autor: Amora, Dimmi
Fonte: O Globo, 19/06/2008, Rio, p. 14
Presidente condena "ato insano de uma pessoa que estava lá para colocar ordem"
Chico de Gois e Luiza Damé
BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem que o Estado indenize as famílias dos três rapazes assassinados no Morro da Mineira. Lula classificou de "ato abominável e insano" a entrega das vítimas, feita por militares do Exército, a traficantes. Lula quer pressa na definição da indenização às famílias. Ele já determinou à Casa Civil e à Advocacia Geral da União que confeccionem um projeto de lei nesse sentido. Há a possibilidade de a proposta ser concluída ainda nesta semana ou, mais tardar, na outra. Os moldes seriam os mesmos utilizados em casos como a explosão de um foguete na base de Alcântara, no Maranhão, e no assassinato de fiscais do trabalho em Unaí, em Minas Gerais.
No fim da manhã, antes da decisão judicial que determinou a saída do Exército do morro, Lula informou que a retirada dos militares, se acontecesse, seria decidida "com calma". As declarações de Lula aconteceram no Palácio do Planalto, após a cerimônia das comemorações do centenário da imigração japonesa no Brasil, da qual participou o príncipe herdeiro Naruhito. Foi a primeira vez que Lula falou publicamente sobre o episódio. Antes disso, ele havia se manifestado na terça-feira, durante reunião de coordenação com ministros. O presidente insistiu que a atitude não foi do Exército, mas de componentes da instituição:
- Não é possível que três jovens inocentes sejam vitimados por um ato, eu diria, insano de uma pessoa que estava lá para colocar ordem. O que nós precisamos agora é trabalhar para fazer justiça à família. Acho que o Estado tem que fazer uma reparação àquelas famílias.
Lula defendeu a atuação do Exército na obra:
- O Exército foi para lá porque todos entendíamos que seria muito mais tranqüilo o Exército estar contribuindo para fazer aquela obra e, ao mesmo tempo, (manter) a tranqüilidade lá na favela. O que aconteceu foi uma coisa abominável, que não tem explicação e não está na cabeça de uma pessoa normal.
Também antes da decisão judicial, o ministro das Cidades, Márcio Fortes, disse não ver motivos para retirar as tropas. Para Fortes, é preciso restabelecer a relação de confiança da comunidade com o Exército e a melhor forma de isso acontecer é com a punição dos responsáveis pela morte dos jovens.