Título: Autoridades evitam comentar a decisão
Autor: Amora, Dimmi
Fonte: O Globo, 19/06/2008, Rio, p. 14

Ministro ainda não resolveu se usará contingente da Força Nacional atualmente no Rio

Bernardo de Mello Franco e Claudio Motta

BRASÍLIA. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, se recusou ontem a comentar a decisão que ordenou a retirada do Exército do Morro da Providência e sua substituição imediata por homens da Força Nacional de Segurança (FNS). Jobim avisou que só se pronunciaria após ser notificado oficialmente. O ministro viajou ontem à noite para São Paulo e participa hoje da Feira Internacional de Aviação, em São José dos Campos.

Responsável pela FNS, o ministro da Justiça, Tarso Genro, foi cauteloso ao comentar a decisão.

- Estamos aguardando a notificação para avaliar as precondições de emprego da Força Nacional e, junto com a Secretaria de Segurança do Rio, cumprir a determinação judicial - disse ele, por meio de assessores.

Tarso ainda não decidiu se os homens a serem enviados à Providência serão retirados de outras áreas da cidade ou se será necessário convocar novos soldados. A FNS tem hoje 527 homens no Rio, pouco mais de metade de todos os convocados no país.

Procurado pelo GLOBO, o Comando Militar do Leste (CML) não quis comentar a decisão da Justiça até ser notificado oficialmente. A Secretaria estadual de Segurança Pública afirmou que não tem o que comentar sobre a liminar. Ao ser informada de que o Exército deixaria o morro, Vera Melo, presidente da Associação de Moradores da Providência, preferiu também esperar para saber mais detalhes.

O presidente do Tribunal de Justiça do Rio, José Carlos Schmidt Murta Ribeiro, afirmou ontem que o Exército não deveria patrulhar o Morro da Providência. De acordo com o desembargador, o crime não é uma surpresa, porque a filosofia do treinamento das Forças Armadas é diferente, voltada para defender a segurança nacional e não tem finalidade de polícia.

- Isso já era uma coisa decantada porque a finalidade constitucional do Exército não é policiamento da rua. Uma coisa é a segurança nacional, outra é a pública. O Exército é treinado para enfrentar o inimigo externo - disse Murta.