Título: Polícia indicia 11 militares por triplo homicídio
Autor: Goulart, Gustavo
Fonte: O Globo, 20/06/2008, Rio, p. 14
A GUERRA DO RIO: Força-tarefa é criada para descobrir e prender bandidos da Mineira que cometeram crime.
Delegado disse acreditar que houve contato prévio com traficantes que mataram jovens do Morro da Providência.
A Polícia Civil indiciou ontem por triplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e sem chance de defesa para as vítimas) os 11 militares envolvidos no seqüestro, na tortura e na morte de três jovens do Morro da Providência. O inquérito, com pedido de prisão preventiva dos acusados, já foi entregue pelo delegado da 4ª DP (Central do Brasil), Ricardo Dominguez, ao promotor da 3ª Vara Criminal do Tribunal do Júri. Ele tem cinco dias para oferecer a denúncia ao juiz Sidney Rosa, da 3ª Vara. Em caso de condenação, cada militar poderá receber uma pena de 30 anos de prisão.
O delegado disse ontem estar convicto de que houve um contato prévio entre militares e traficantes do Morro da Mineira, autores do crime:
- O meio utilizado é que ainda não está claro. Um caminhão com homens armados entrou numa comunidade historicamente complicada. Teria havido uma troca de tiros, o que não aconteceu.
Ontem, a polícia instaurou outro inquérito, dessa vez para descobrir os autores das mortes na Mineira. À tarde, o diretor do Policiamento da Capital, Sérgio Caldas, se reuniu na 4ª DP com Dominguez e o delegado da 6ª DP (Cidade Nova), Rodolfo Waldeck, para traçar estratégias de ação. Uma força-tarefa foi criada para a investigação.
- Não vamos entrar na favela aleatoriamente. Quando tivermos o ponto exato, faremos uma incursão - informou Sérgio Caldas.
O juiz Edmundo Franca de Oliveira, da 2ª Auditoria da Justiça Militar, decretou ontem a prisão preventiva do tenente Vinicius Ghidetti, do sargento Leandro Maia e dos soldados José Rodrigues e Fabiano dos Santos, já detidos.
O Ministério Público Federal pediu ontem que a 7ª Vara Criminal requisite à Justiça estadual o inquérito policial que apura o caso. O MPF entende que a competência processual do caso é da Justiça Federal comum, uma vez que os militares são servidores públicos federais e o crime ocorreu no exercício de suas funções. O MPF aguarda a decisão do juiz Marcelo Granado para dar seguimento às investigações.