Título: Dois novos grupos querem entrar na VarigLog
Autor: Ribeiro, Erica; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 20/06/2008, Economia, p. 25

CRISE NO AR: Empresário confirma que procurou Lap Chan, do Matlin Patterson, mas em 2007 e março deste ano.

Dois novos grupos querem entrar na VarigLog.

Clésio Oliveira, ligado ao setor portuário, e ex-executivo da Varig estariam à frente de investidores interessados.

RIO, BRASÍLIA e SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP). Mesmo com todos os problemas societários e judiciais, a VarigLog já é alvo de investidores interessados. Um grupo liderado por Clésio Oliveira, ligado ao setor de portos, estaria interessado na empresa e já teria declarado isso a algumas fontes. Em outra frente, um ex-executivo da Varig reuniu instituições financeiras e aguarda o desfecho da briga entre os ex-sócios brasileiros da VarigLog e o fundo americano Matlin Patterson para se apresentar.

Segundo fontes do mercado, o grupo de Clésio teria como principais participantes o ex-senador Gilberto Miranda e o ex-presidente da VarigLog José Carlos Rocha Lima. O GLOBO não conseguiu contactá-los ontem. Fernando Sarney, filho do senador José Sarney, negou os rumores de que também estaria interessado, junto com Clésio, e teria se reunido com Lap Chan, dono do Matlin Patterson, que está no comando da VarigLog.

- Nego veementemente. Não vi, não conheço esse senhor (Chan) - disse Fernando, que confirmou conhecer Clésio.

Rocha Lima foi nomeado interventor da VarigLog pela Justiça de São Paulo em fevereiro, quando os sócios brasileiros foram afastados por gestão temerária. Em março, ele acabou afastado pelo mesmo motivo.

O assédio de Clésio à VarigLog é confirmado por representantes do setor aéreo. O secretário-geral do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), Anchieta Hélcias, confirmou ter encontrado Clésio há três semanas no Piantella, um dos restaurantes mais famosos de Brasília:

- Ele contou que estava à frente de um grupo do setor aeroportuário querendo comprar a VarigLog - disse Hélcias, acrescentando que foi Clésio quem o procurou para dar a notícia.

Segundo fontes, Clésio é ligado ao setor portuário há mais de 30 anos. Ele mora em Brasília e é casado com Vandira Peixoto, assessora do senador José Sarney.

Em nome de um grupo de investidores, Clésio confirmou que buscou os sócios da Volo do Brasil em setembro de 2007 para saber se havia interesse em vender a VarigLog. As conversas arrefeceram com a briga entre os sócios brasileiros e estrangeiros a partir de dezembro, na Justiça Federal de São Paulo.

Em março, pouco antes da saída dos brasileiros do controle da Volo foi feita uma nova sondagem, mas o negócio não foi adiante, disse Clésio. Para fontes, a proposta de Clésio será uma das muitas apresentadas à VarigLog, como aconteceu na época da venda da Varig.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou, em São José dos Campos, que quando a Volo comprou a VarigLog "a composição acionária era tipicamente brasileira" e respeitava o limite de 20% de estrangeiros:

- Acordos de acionistas são ineficazes porque a lei brasileira não permite (mais de 20% de capital estrangeiro).

Segundo Jobim, se ficar comprovado que há mais de 20% de capital estrangeiro, "a empresa deixa de operar".

COLABOROU Cláudio Cesar de Souza, especial para O GLOBO