Título: Direção intervém para evitar ruptura
Autor: Aggege, Soraya ; Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 23/06/2008, O País, p. 5

Em mensagem, presidente do PSDB fez apelo por unidade em São Paulo

SÃO PAULO. A direção nacional do PSDB interveio até o último minuto na guerra paulistana para evitar maiores danos ao partido. A menos de doze horas da convenção, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, depois de vários telefonemas para a reunião de rebeldes, deu sua última cartada: enviou uma mensagem condicionando a força do partido no país à unidade tucana em São Paulo.

"Não conservaremos a nossa força no Brasil se não estivermos unidos em São Paulo", diz o documento, que determina: "Temos a certeza de que a candidatura de Geraldo Alckmin é a melhor alternativa para o PSDB nesse momento em que completamos 20 anos de fundação."

Guerra se dirigiu especialmente a dois dos líderes rebeldes: Walter Feldman e Gilberto Natalini, ambos identificados com Serra. A mensagem chegou por volta das 22h30m de sábado, mas, três horas antes, o grupo já havia recebido um recado do próprio governador, transmitido por Aloysio Nunes Ferreira, chefe da Casa Civil.

- Se impedíssemos o desejo de Alckmin, poderíamos ser responsabilizados depois por qualquer derrota do PSDB - disse Feldman.

Alguns serristas disseram que Aloysio chegou a dizer que o grupo seria o "carrasco" do processo eleitoral. A palavra foi considerada muito pesada. O chefe da Casa Civil não quis comentar o teor da conversa. Em outra reunião com o grupo, Sérgio Guerra já teria dito que o PSDB paulistano não teria percebido a dimensão da hecatombe de não sair com uma candidatura própria em São Paulo, segundo informaram tucanos. Ele teria dito que, da bancada tucana no Senado, 12 parlamentares "estariam com Serra" para presidente, mas todos os 13 estão com Alckmin para prefeito.

O deputado José Aparecido, um dos articuladores da ala de Alckmin, disse que foram feitos dois acenos políticos importantes para o acordo. O primeiro teria sido a garantia aos pró-Kassab de que haveria uma chapa única para candidatos a vereador. A outra medida foi a garantia, por parte de Alckmin, de que não apelaria para as instâncias superiores do partido para impugnar a chapa kassabista, mesmo que ela não tivesse o número mínimo de assinaturas para disputar a convenção.

- Eu pedi a eles que, do mesmo jeito que nós propusemos uma chapa única para vereadores, eles aceitassem uma chapa única para prefeito. Eles pediram um tempo e decidiram isso ontem (sábado) à noite.