Título: Das 20 piores escolas do país, oito são do Pará
Autor: Berta, Ruben
Fonte: O Globo, 21/06/2008, O País, p. 13

Mas a mais fraca no ensino de 4ª série fica na Bahia.

BRASÍLIA e BARRA DO ROCHA (BA). O Pará concentra, entre as notas da 4ª série, oito das 20 piores escolas do país, de acordo com o índice do governo federal. As duas menores notas foram obtidas por colégios da rede estadual: a Ruy Paranatinga Barata, em Belém (média 0,1), e a José Rodrigues Viana, em Cachoeira do Arari (0,2).

No teste da 8ª série, que mede o desempenho dos alunos prestes a ingressar no Ensino Médio, a pior nota também foi para uma escola estadual de Belém: a Eunice Weaver, com 0,1. Das 20 escolas com médias mais baixas nesse segmento, cinco ficam no estado.

De acordo com os dados divulgados na semana passada, o Pará ocupa a lanterna dos rankings do Ideb na 4ª série do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. No primeiro segmento, a média do estado subiu de 2,8 para 3,1, mas continua muito abaixo da média brasileira, de 4,2. No último, a nota caiu de 2,8 para 2,7, distanciando-se ainda mais da média nacional.

Procurada pelo GLOBO desde quinta-feira, a secretária estadual de Educação, Iracy Gallo Ritzman, não atendeu aos pedidos de entrevista.

Município baiano investe 47% da receita em educação

Na Bahia, o município de Barra do Rocha foi considerado pelo Ideb o detentor da pior rede básica de ensino de 4ª série, com nota 1,6 (de 0 a 10). Mas o prefeito Jônatas Santos diz que os dados do Ideb são conseqüência da situação de abandono em que encontrou a rede municipal de ensino. Entre 2001 e 2004, o juiz da Comarca de Ipiaú (município vizinho) obrigou a prefeitura a pagar salários atrasados aos professores. Os alunos estavam desestimulados.

Hoje, o prefeito diz que não há crianças fora da sala de aula. A rede municipal de ensino tem 30 escolas e um total de 2.682 alunos.

Barra do Rocha, com 7.576 habitantes, arrecada por ano R$7.430.688,30. A prefeitura informa que programou investir em educação, este ano, R$2.803.500,77 com recursos do Fundeb e R$669.893,77 de receitas próprias, que totalizam 47% da receita municipal, quase o dobro do exigido pelo MEC.

Os moradores dizem que o principal problema do município é o desemprego.

- Aqui tudo funciona; só não temos emprego - afirma a dona-de-casa Marilene de Jesus, com dois filhos na escola, referindo-se à crise na lavoura cacaueira e na zona urbana, onde a prefeitura é a principal empregadora e a maioria dos servidores recebe salário mínimo.