Título: Com médias revisadas, São Paulo fica apenas em 1.903º em ranking
Autor: Moreira, João Carlos
Fonte: O Globo, 21/06/2008, O País, p. 15

Inep vai analisar dados, contestados por secretaria de Educação da cidade.

SÃO PAULO. Após contestação da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, os números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) das escolas da capital paulista serão revisados pelo Inep, instituto de pesquisas ligado ao Ministério da Educação e responsável pela coordenação dos dados. As médias já revisadas mostram que a rede municipal de São Paulo está longe de alcançar os números almejados pela prefeitura. Pelo menos na 4ª série.

Nesse estágio, o Ideb 2007 revisado da capital salta de 4,1 para 4,7 e sai da 1.999ª posição no Brasil para o 1.903º lugar. No estado, a mudança transferiu a rede municipal da 570ª para a 540ª colocação. Nos dados fornecidos pelo Inep, estão listadas 5.475 cidades brasileiras na 4ª série, sendo 642 paulistas.

A diferença ocorreu nos dados das taxas de aprovação da rede de ensino da prefeitura. O Inep entendeu como reprovados alunos que deixaram a escola, por transferência ou abandono. Esses estudantes não fazem parte do cálculo para a taxa de aprovação, utilizada na fórmula do Ideb junto com as notas médias dos alunos na Prova Brasil. Aplicada por uma equipe externa, a Prova Brasil foi realizada em novembro de 2007, dias depois de os estudantes da rede municipal serem submetidos à primeira edição da Prova São Paulo, aplicada por professores da rede.

As médias revisadas na 8ª série não foram divulgadas pela Secretaria municipal de Educação. Sem revisão, a situação é pior que no 4º ano: a rede municipal fica na posição 2.354 no ranking do Brasil. Em São Paulo, que tem a escola com pior Ideb no estado, fica na 597ª posição. Em nota, a secretaria diz que só terá posição oficial após o envio dos dados, em até 20 dias.

Os dados revisados de 4ª série foram informados ontem, em conversa do secretário municipal Alexandre Schneider com o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, que lamentou um suposto uso político dos dados.

- Acho triste politizar em cima de dados educacionais. É ruim para a educação que qualquer partido politize esses dados. Mas tive uma reunião com o secretário (municipal) e estamos tratando como um problema normal - disse Fernandes.

Alexandre Schneider não retornou ontem a três ligações para seu celular.

* Do Diário de S. Paulo