Título: Álvaro Lins não apresenta defesa à Alerj
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Fonte: O Globo, 21/06/2008, Rio, p. 27

Presidente do Conselho de Ética diz que, se for preciso, deputados concluirão trabalho durante o recesso.

O deputado estadual Álvaro Lins (PMDB) não apresentou ao Conselho de Ética da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) sua defesa no processo sobre queda de decoro, o que deveria ter sido feito até as 18h de ontem. Esgotado o prazo legal, o presidente do conselho, deputado Paulo Melo (PMDB), nomeou, para fazer a defesa, uma procuradora da Alerj, cujo nome não foi divulgado porque ela ainda não havia sido informada. Ela terá até cinco dias, contados a partir de segunda-feira, quando sua nomeação será publicada no Diário Oficial, para entregar o documento.

- O deputado Álvaro Lins é um profissional do direito e está usando todo o conhecimento para atrasar o trabalho do Conselho de Ética - disse Melo.

Mesmo que a procuradora não use o prazo máximo para fazer a defesa de Lins, o conselho terá de ultrapassar outras etapas até as alegações finais, já que Lins ainda tem direito de apresentar testemunhas e fazer a defesa oralmente. No entender de deputados que integram o Conselho de Ética, dificilmente a decisão sairá antes do recesso parlamentar, no dia 1º de julho. Melo, no entanto, disse que isso não atrapalhará o trabalho:

- O conselho já está convocado para trabalhar no recesso - afirmou o presidente, durante a reunião de ontem.

Mesmo que a decisão do conselho, que tem nove membros, seja pela cassação do deputado Álvaro Lins, a proposta terá de passar ainda pelo plenário da Alerj, onde, diferentemente do que ocorre no conselho, o voto é secreto.

Lins foi preso em flagrante durante a operação Segurança S/A, deflagrada no dia 29 de maio pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. De acordo com denúncia da Procuradoria Regional da República no Rio, Lins seria o chefe de uma organização criminosa sustentada politicamente pelo ex-governador Anthony Garotinho. O deputado foi preso em casa, em Copacabana, acusado ainda de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha armada, facilitação de contrabando e corrupção passiva. O ex-chefe de Polícia ficou pouco mais de 24 horas na prisão. Por 40 votos a 15, a Alerj aprovou um decreto legislativo determinando a libertação de Lins. Depois de soltá-lo, a própria Alerj abriu processo sobre queda de decoro.