Título: Ideologia em segundo plano
Autor: Gois, Chico de; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 25/06/2008, O País, p. 8
SÃO PAULO. O presidente Lula convocou ontem os brasileiros a deixarem de lado divergências partidárias, eleitorais, ideológicas e empresariais para desenvolverem uma estratégia de enfrentamento nos embates comerciais estrangeiros. Segundo Lula, quando o lucro é garantido, a questão ideológica fica em segundo plano.
- Ninguém reclama que a China tem partido único, só tem o jornal do partido, que a TV não tem pluralidades como a nossa. Por quê? Porque as pessoas lá estão ganhando dinheiro. A questão ideológica também não tem muita coisa a ver com os interesses do capital, quando o lucro está garantido.
O presidente disse ainda que complicado mesmo é fazer o que Brasil tem conseguido num regime democrático. Para uma platéia de banqueiros e empresários, Lula disse que o Brasil ganhou importância no âmbito político e na esfera comercial e, se melhorar a aplicação dos direitos humanos, poderá crescer mais. Segundo disse, "cada vez mais a questão dos direitos humanos está sendo levada a sério nos debates internacionais".
Lula explicou:
- Nosso produto será mais competitivo se, além de boa qualidade, em cada meio litro de álcool que exportarmos, em cada quilo de minério de ferro, tiver uma coisinha de inclusão social e direitos humanos.
O presidente disse ainda que é preciso "juntar a inteligência brasileira" para construir uma ação política interna e externa para vencer os embates. Segundo Lula, em nenhum momento da História o Brasil foi tão levado a sério como agora.
- Tivemos a sorte de encontrar petróleo e poderemos nos tornar o terceiro maior produtor do mundo, sem usar turbante de xeque - disse, frisando que a maior inserção do Brasil no cenário internacional tem criado "um pequeno problema" de disputa internacional.
QUEM QUER SÓ DINHEIRO? , na página 23