Título: Crise com o campo evidencia falhas
Autor: Figueiredo, Janaína ; Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 21/06/2008, Economia, p. 27

Briga com ruralistas afetou imagem do governo e confiança do consumidor BUENOS AIRES. O conflito entre a Casa Rosada e os produtores rurais argentinos não afetou apenas a imagem positiva da presidente Cristina Kirchner, que despencou para menos de 20%. O impacto negativo foi mais longe e abalou, também, a confiança dos consumidores argentinos. Em maio passado, o Índice de Confiança dos Consumidores (ICC) elaborado pela Fundação de Mercado recuou 5,4%, em relação ao mês anterior. Segundo a diretora da Fundação, Susana Nuti, o conflito com o campo provocou a expressão de muitos problemas que se acumularam nos últimos anos.

¿ Além do problema dos tributos cobrados ao campo, ficaram evidentes as dificuldades que enfrenta a produção em muitas regiões do país e outras questões, como o aumento do gasto público, a baixa qualidade de nossa representação política e a inexistência de um sistema válido para resolver nossos conflitos.

Para diretora de Fundação, aumentaram as incertezas

Segundo a Fundação Mercado, em maio passado a tendência dos argentinos a comprar bens duráveis (eletrodomésticos, móveis, automóveis, entre outros), recuou 0,9%, frente a abril.

¿ Além da crise com o campo, a constante preocupação em relação à inflação abalou a confiança dos consumidores ¿ afirmou a diretora da Fundação Mercado.

Para ela, as constantes idas e vindas do governo, as agressões, as ameaças e as divisões internas foram ganhando cada vez mais espaço e, com isso, aumentaram as incertezas sobre a economia.

¿ Só uma mudança nas ações do governo poderia começar a modificar este cenário ¿ enfatizou Susana.

No relatório divulgado recentemente, a Fundação apontou que ¿a persistência das elevadas taxas de inflação, frente a uma evolução mais paulatina dos salários, influenciou a situação econômica e prejudicou as expectativas da população em relação a salários e emprego. A tradução desta percepção é uma retração na demanda e uma estagnação nos níveis de economia pessoal¿. (Janaína Figueiredo, correspondente)