Título: Gabeira e tucanos fazem festa em Bangu
Autor: Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 22/06/2008, O País, p. 12

Candidatura sofre ameaça de possível traição por parte de tucanos ligados ao ex-secretário Paes.

A aliança entre PSDB, PV e PPS, a primeira a ser anunciada no período pré-eleitoral, será formalizada hoje, em convenção no Cassino Bangu, na Zona Oeste. A convenção homologará o nome do deputado federal Fernando Gabeira com apenas uma nota dissonante: o descontentamento de vereadores ligados ao ex-tucano Eduardo Paes.

Para Gabeira, é possível haver "pequenos desvios de infidelidade" dentro do PSDB, mas, segundo ele, o partido tem como regular se os candidatos a vereador estão se engajando ou não na campanha.

- Hoje os candidatos estão muito atrelados à lei de fidelidade partidária. Não vai haver muita discussão em torno disso. Numa eleição, nem sempre existe fidelidade completa. Os partidos controlam muito pelo tempo de televisão destinado aos candidatos. Toda vez que eles se apresentarem, têm que se referir ao candidato majoritário. As infidelidades vão ser discretas.

A vereadora Andrea Gouvêa Vieira (PSDB) diz que não vai haver problema com vereadores que desistam de apoiar Gabeira. Segundo ela, Paes é persona non grata no partido pela saída repentina para o PMDB.

- Não há a menor possibilidade de isso (traição) acontecer. A entrada do Paes como candidato reforça nossa coligação com Gabeira - disse a vereadora, que afirma haver possibilidade de punição no partido para quem se afastar de Gabeira.

Nos bastidores do partido, porém, a expectativa é de que vereadores com base na Zona Oeste não levem seus militantes em peso para a convenção.

Ontem, na pré-convenção do PV, no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), Gabeira disse que a campanha começará manchada de sangue por causa das mortes dos três jovens do Morro da Providência. Ele culpou pelos crimes o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente José Alencar e o pré-candidato Marcelo Crivella (PRB):

- Nossa campanha está começando manchada de sangue dos garotos da Providência que foram entregues para os traficantes pelo Exército. Manchada de sangue por culpa do presidente da República, do vice-presidente e do Marcelo Crivella. Foi um crime contra a segurança nacional, um crime eleitoral e contra a estrutura do Exército.

O deputado admitiu que não conseguirá resolver os problemas do Rio em quatro anos. Afirmou ainda que a coligação PV/PSDB/PPS sofrerá "ataques violentos".

- Farão tudo para nos dividir - disse.