Título: Missa e culto evangélico em memória das vítimas
Autor: Cássia, Cristiane de; Coelho, Camilo
Fonte: O Globo, 22/06/2008, Rio, p. 18

Parentes pedem prisão de assassinos Familiares dos jovens mortos e moradores da Providência participaram ontem de uma missa na Igreja de Santa Rita de Cássia, no Centro, pela manhã, e de um culto evangélico na Praça Américo Brum, na favela, à noite. Na porta da igreja, onde estiveram mais de 250 pessoas, houve um protesto silencioso contra o Exército e o senador Marcello Crivella, autor do projeto Cimento Social. Cartazes diziam: "Fora Exército e Força Nacional. A Providência quer paz. E agora Crivella vai usar o cimento na sua campanha".

As mães das vítimas pareciam muito comovidas. Lilian Gonzaga, mãe de Wellington, passou mal. Ela também pediu a saída do Exército e exigiu a prisão dos assassinos.

- Tem que tirar essa farda verde daqui. Agora precisam é achar a toca do Coelho - disse Lilian, referindo-se ao bandido que seria chefe do tráfico no Morro da Mineira.

Lilian disse que a saudade do filho é pior à noite, hora em que os dois costumavam conversar. Camisetas do Vasco, troféus, medalhas, bonés e um casaco são as lembranças que ficaram do jovem na casa humilde de um quarto onde dormiam quatro pessoas.

- Sempre tive medo ao ver meus filhos passarem por esses soldados, por policiais. Parece que eu sabia o que iria acontecer - disse Lilian.

Antes de morrer, Wellington comprou para a mãe uma mesa de jantar e um rack para a TV. Ele abriu crediário e prometeu pagar com o salário que ganharia nas obras do Cimento Social, onde começaria a trabalhar no dia seguinte.