Título: Nos serviços públicos, inversão de tendência
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 22/06/2008, Economia, p. 37

Pela 1ª vez desde o início do governo Lula, preços subirão

BRASÍLIA. Nas tarifas públicas, cujos preços são controlados, o cenário inflacionário também está complicado e, pela primeira vez desde o início do governo Lula, em 2003, elas entrarão numa curva ascendente. Em 2002, no fim do período do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a inflação dos preços administrados ficou em 15,32% e, em 2007, havia despencado para 1,65%. Já em 2008, a previsão do mercado é que chegue a 3,70% e, em 2009, encoste em 5%.

Um dos principais fatores dessa mudança de trajetória está no campo energético. Os riscos passam pelos preços internacionais do petróleo, que estão em disparada, e aumentam as chances de os reajustes dos combustíveis chegarem de fato ao consumidor. Além disso, projetam-se aumentos nas tarifas de ônibus urbanos - que podem encostar em 10% - após as eleições municipais de outubro.

Com alta de IGP-M, aluguéis serão pressionados

As tarifas de energia elétrica também assustam. Neste ano, com muitas revisões tarifárias de importantes distribuidoras, não foi incomum ver reduções nos preços das tarifas. Mas, no ano que vem, isso não vai se repetir.

O superintendente de Regulação Econômica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Davi Antunes Lima, diz que será "muito difícil" ver reajustes negativos nas tarifas daqui para frente, já que está no fim o período de revisão tarifária - quando a agência faz uma avaliação mais profunda dos custos e ganhos de eficiência das diversas distribuidoras, que normalmente são repassados aos consumidores na forma de aumentos mais leves ou até reduções nas tarifas.

Pior: sobretudo a partir de 2009, as empresas terão suas tarifas avaliadas pelo método convencional, calibradas pelo IGP-M, indicador que deve ficar acima dos 10% neste ano. Trata-se, além de tudo, da mesma referência para os reajustes dos aluguéis, que, portanto, também devem ficar bem mais salgados.

Conta de luz deve aumentar 4,3% em 2009

Com tanta contaminação inflacionária, o economista da Tendências Gean Barbosa avalia que o aumento médio da conta de luz deve ficar em 4,3% no ano que vem, muito acima dos 2,8% esperados para agora.

- Tudo isso fica mais complicado ainda porque não sabemos ao certo como os preços internacionais dos alimentos vão se comportar. Atualmente, estão subindo muito e devem continuar, talvez um pouco mais desacelerados. Mas ainda elevados - conclui o economista. (Patrícia Duarte)