Título: Lucro do BB despenca 29%
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 15/05/2009, Economia, p. 16

Aumento de risco de calote e de provisões para evitar perdas fez Banco do Brasil fechar o primeiro trimestre com ganhos inferiores aos registrados em 2008. Inadimplência deve dobrar até o fim do ano

A crise econômica pegou os bancos oficiais federais no contrapé. Pressionados pelo governo a serem agressivos na concessão de crédito, eles se viram obrigados a elevar a provisão para cobrir eventuais perdas com a inadimplência, que também disparou. Resultado: o lucro despencou. O Banco do Brasil anunciou ontem um lucro líquido de R$ 1,7 bilhão no primeiro trimestre do ano, 29,1% a menos do que o verificado em igual período de 2008. Na Caixa Econômica Federal, que já divulgou seu balanço, o resultado foi ainda pior. O lucro líquido da Caixa caiu 48,22% na comparação com os dois períodos, descendo para R$ 452 milhões no primeiro trimestre de 2009. Com a crise, os ganhos dos bancos privados também caíram, mas em menor proporção.

Segundo o gerente de Relações com Investidores do BB, Marco Geovanne Tobias da Silva, a queda do lucro já era esperada pelo mercado. Com a desaceleração da economia, o ambiente de negócios fica mais arriscado. Mesmo com o crescimento dos empréstimos com menor risco, os com desconto em folha de pagamento, a inadimplência este ano, segundo Geovanne, vai dobrar, chegando a 4,4% nas operações com atraso superior a 90 dias. Atualmente o índice de calote para esse tipo de operação está em 2,7%. Em dezembro era 2,4%.

¿A inadimplência do BB está abaixo da média do sistema financeiro nacional, em torno de 3,6%¿, destacou o executivo. Ao mesmo tempo em que o BB viu a inadimplência crescer e reforçou a provisão, o banco também acabou operando com um dinheiro mais caro, o que também contribuiu para reduzir sua margem de lucro. O medo da crise fez os investidores correrem para o BB. Os depósitos a prazo praticamente dobraram nos últimos 12 meses. Eram de R$ 90,9 bilhões em março de 2008, passaram para R$ 149,6 bilhões em dezembro de 2008, alcançando R$ 178,5 bilhões em março último.

Títulos Outro efeito da crise foi um menor rendimento dos títulos, uma vez que a taxa Selic está em queda. Em dezembro o BB ganhou R$ 8 bilhões com os títulos públicos que possui em carteira. Em março esse rendimento caiu para R$ 5,7 bilhões. Com isso, o retorno sobre o patrimônio líquido caiu de 43,5% de janeiro a março de 2008 para 23,8% no mesmo período de 2009. Do lucro líquido obtido, o BB destinará R$ 666,2 milhões aos acionistas.

O gerente de Relações com Investidores do BB destacou no resultado do trimestre o montante alcançado pela carteira de crédito. Incluindo a parte externa, o saldo foi de R$ 254,4 bilhões. Segundo Geovanne, já está contabilizada a carteira da Nossa Caixa. Não entraram na conta as operações de financiamento de veículos do banco Votorantim.