Título: Para gestora do Bolsa Família, dados do Ibase podem esconder avanços
Autor: Tabak, Flávio
Fonte: O Globo, 28/06/2008, O País, p. 4
Rosani Cunha diz que situação das famílias atendidas poderia ser pior
Flávio Tabak
A secretária nacional de Renda de Cidadania, Rosani Cunha, que gere o Bolsa Família, comentou o resultado da pesquisa do Ibase. Para ela, pelo fato de não existirem resultados anteriores, os 54,8% de famílias que têm falta de alimentos em casa não mostram falhas no programa.
Rosani Cunha afirma que o programa está chegando às famílias que mais precisam. De acordo com ela, os dados de insegurança alimentar demonstram isso.
- O programa está chegando às famílias mais pobres. Não sabemos em que situação estavam essas famílias. Elas poderiam apresentar problemas mais graves quanto ao acesso a alimentos.
Fase qualitativa da pesquisa foi produzida em 2006
A fase qualitativa da pesquisa do Ibase foi produzida em 2006, com a reunião de 15 grupos, formados por beneficiários, gestoras municipais e membros de entidades sociais nos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná, Pará, Pernambuco e Rio de Janeiro. Segundo a secretária, as entrevistas feitas há cerca de dois anos podem esconder as mudanças provocadas pelo Bolsa Família dentro das famílias.
- Como não tem antes e depois, os pesquisadores foram a campo no meio do ano de 2006. Não sabemos a situação deles antes de receber os benefícios do programa - disse Rosani Cunha.
Sobre o aumento no consumo de alimentos ricos em gorduras e açúcar, como biscoitos e refrigerantes, a gestora do Bolsa Família afirmou que se trata de uma tendência da população brasileira, que não tem relação direta com os titulares dos cartões do programa:
- A própria Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, mostra que é o padrão da população brasileira. As famílias extremamente pobres voltam a consumir arroz e feijão quando passam a ter acesso ao benefício. É saudável, outros padrões alimentares não são específicos dos atendidos pelo programa, e sim da população em geral.
A pesquisa do Ibase também revelou que 99,5% dos beneficiários não deixaram de trabalhar depois que passaram a receber o dinheiro. De acordo com a secretária, o número mostra que o programa não atrapalha outras atividades:
- Não há efeito preguiça.