Título: Mãe joga bebê do 6º andar: Não me arrependo
Autor: Carvalho, Ana Paula de
Fonte: O Globo, 02/07/2008, O País, p. 9

Menina de 8 meses morre na hora; `Fiz isso para me livrar de ter que cuidar dela¿, diz a mãe, que seria doente mental

CURITIBA. A auxiliar de enfermagem Tatiane Damiane, de 41 anos, atirou a filha de apenas oito meses de idade, Mariana Damiane Teixeira, do sexto andar do prédio onde mora. O bebê morreu na hora. O crime, que lembra o caso da menina Isabella Nardoni, ocorreu na noite de segunda-feira. Moradores chamaram a polícia após ouvirem um estrondo no telhado da garagem.

Ao chegarem ao prédio, no centro de Curitiba, os policiais encontraram o bebê, que caiu de uma altura de 20 metros. Sob gritos de ¿assassina¿, a mãe foi levada à delegacia e escapou de ser linchada. Ontem, não mostrou arrependimento:

¿ Sempre fui incompetente para cuidar dela. Fiz isso para me livrar de ter que cuidar dela. Acho que sou esquizofrênica, não me apego mais às pessoas. Não me arrependo do que fiz.

Com um olhar fixo e parado, Tatiana disse que sua idéia inicial era se matar:

¿ Não me matei porque sou covarde, incompetente. Tentei me matar mas não consegui. Eu planejava se ia jogar ela primeiro ou me jogar.

A delegada Eunice Vieira Bonome, do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria), confirmou que Tatiane não dava sinais de arrependimento e repetia que precisava se livrar do ¿pacote¿, referindo-se à filha.

¿Percebe-se que é depressiva¿, diz vizinho

Os moradores que presenciaram o crime ficaram desesperados ao constatar que se tratava de um bebê.

¿ É uma pessoa calma, tranqüila, mas percebe-se que é depressiva. Quando o porteiro me avisou, porque eu tenho as chaves do telhado da garagem, pensei que era uma boneca e não uma criança. Quando confirmei que era uma criança foi um desespero total ¿ disse um dos vizinhos.

Tatiane é auxiliar de enfermagem no Hospital de Clínicas, morava sozinha e era separada. Disse que planejava o crime desde que o bebê nasceu:

¿ Não preciso mais cuidar dela, dar banho, limpar fraldas, ter que alimentar ¿ afirmou ela, dizendo-se aliviada.