Título: Dieese diz que custo da cesta básica já avançou até 52% em 12 meses
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 02/07/2008, Economia, p. 20

Pesquisa realizada em 16 capitais revela que, no ano, houve alta de 29%

Aguinaldo Novo*

SÃO PAULO. Os preços da cesta básica acumulam reajustes de até 29,24% no ano e de 51,85% nos últimos 12 meses, segundo pesquisa divulgada ontem pelo Dieese. Entre as 16 principais capitais do país pesquisadas, Recife apresentou a maior variação de preços de janeiro a junho deste ano. Já na comparação anual (de julho de 2007 a junho deste ano), Natal liderou. Outros aumentos expressivos foram apurados em João Pessoa (45,02%) e de novo Recife (44,92%).

O valor da cesta com os produtos alimentícios essenciais no Rio chegou a R$236,16 em junho, só inferior a Porto Alegre (R$246,72), São Paulo (R$245,24) e Florianópolis (R$238,15). As altas acumuladas no Rio chegam a 21,44% no ano e a 36,25% em 12 meses.

Salário mínimo necessário deveria ser de R$2.072

Considerando o valor de Porto Alegre, o Dieese calcula que o salário mínimo necessário deveria ser de R$2.072,70, o que representa 4,99 vezes o piso em vigor (R$415). A cesta pesquisada tem 13 produtos: carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e manteiga. Existem ainda variações regionais. Nas capitais do Sudeste, Sul e Centro-Oeste do país, os pesquisadores consideram os preços da farinha de trigo. No Norte e Nordeste, o produto que entra na cesta é a farinha de mandioca. No Rio, vale o feijão preto; em São Paulo, o tipo chamado carioquinha.

Em junho, a pesquisa encontrou variações de preços em 14 das 16 capitais visitadas. Os maiores aumentos no mês foram em Goiânia (10,6%), Brasília (6,4%) e Rio (5,9%). E as únicas quedas, em Vitória (1,1%) e Fortaleza (0,35%).

O feijão foi o produto com maior reajuste nos últimos 12 meses. Em nenhuma das capitais teve alta inferior a 100%. Em São Paulo, por exemplo, o aumento atingiu 103,34% desde julho do ano passado, enquanto em Natal a alta chegou a 184,8%. Os adubos e fertilizantes têm encarecido o custo da produção dos grãos e houve atraso no plantio devido ao prolongado período de secas.

Outro produto com alta em todas as capitais foi o óleo de soja, variando de 48,58% (Florianópolis) a 79,07% (Natal). O único item com redução de preços em todas as 16 cidades pesquisadas foi o açúcar. Em pleno período de safra, o preço caiu 28% em Goiânia e 34,5% em Aracaju.

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) foi de 0,77% em junho, uma desaceleração frente ao avanço de 0,87% em maio, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). A variação no fechamento de junho também ficou abaixo da registrada na terceira prévia do mês (0,89%). Os preços do grupo alimentação subiram 1,85%, a maior variação do período. Mas a alta foi menor do que a da leitura anterior: 2,24%. No ano, o IPC-S subiu 3,84%, enquanto nos últimos 12 meses, 5,96%.

(*) Com agências internacionais

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