Título: Dow e S&P têm pior junho desde Depressão
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 01/07/2008, Economia, p. 23

Barril do petróleo encosta em US$144 mas acaba fechando em queda, a US$140.

RIO e NOVA YORK. Os índices da Bolsa de Nova York Dow Jones e S&P registraram seu pior junho desde a Grande Depressão, em um mês marcado por recordes do petróleo e os reflexos da crise no mercado de crédito. O Dow ficou estável ontem, mas sua queda mensal foi de 10,2%, só perdendo para setembro de 2002 (12,4%) e junho de 1930 (17,7%). No ano, acumula queda de 14,44%.

O S&P avançou ontem 0,13%, mas recuou 8,6% no mês. Em setembro de 2002 e junho de 1930, as quedas foram de, respectivamente, 11% e 16,5%. As perdas acumuladas no ano são de 12,83%. Já o Nasdaq registrou queda de 0,98% no dia, 9,1% no mês (o pior junho desde 2002, quando caiu 9,6%) e 13,55% no ano.

O barril do petróleo chegou a tocar um novo recorde, aproximando-se dos US$144, devido às tensões entre Israel e Irã, mas acabou fechando em queda. O tipo leve americano recuou 0,15%, para US$140, depois de atingir US$143,67. Já o barril do tipo Brent, que foi negociado a US$143,91, caiu 0,34%, a US$139,83.

Impulsionado pela alta internacional das commodities e por investidores em busca de barganhas, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, subiu ontem 1,08%, para 65.017 pontos. Na máxima do dia, subir 1,59%, mas o volume financeiro foi fraco: R$4,3 bilhões, contra média diária de R$5,6 bilhões no mês. O dólar subiu 0,13%, a R$1,597.

Segundo o economista-chefe do banco Schahim, Silvio Campos Neto, investidores aproveitaram os preços baixos para comprar papéis líquidos, como Vale e Petrobras, cujos papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) subiram 1,35% e 2%, respectivamente. Além disso, Citibank e JPMorgan reiteraram suas recomendações para essas ações, citando o reajuste de preços do minério de ferro e a alta do petróleo. Para Campos Neto, a recuperação é isolada, com os investidores esperando a divulgação, esta semana, da inflação brasileira e do desemprego americano, entre outros dados.

Para Patrícia Blanco, da Global Equity, o mercado continuará instável:

- Empresas estão apresentando resultados menores, sem contar que o preço do petróleo está nas alturas.

Já os papéis PN da Paranapanema subiram 5,7%, depois de avançar 8,28%, com rumores de que a Vale poderá comprar a parte que hoje é da Previ. (Juliana Rangel, com agências internacionais)