Título: Jarbas chama Minc de aloprado e bobo da corte
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 03/07/2008, O País, p. 10

Senadores defendem Pernambuco dos ataques a usineiros do estado feitos pelo ministro, que ontem contemporizou.

BRASÍLIA. Depois de comprar briga com o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, agora enfrenta a fúria de políticos pernambucanos por ter chamado os usineiros do estado de foras-da-lei ao anunciar que o Ibama autuou 24 usinas de cana-de-açúcar por crimes ambientais. Dois senadores de Pernambuco foram à tribuna protestar contra Minc, entre eles o ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Ele chegou a chamar o ministro de aloprado e lamentou que o presidente Lula não tenha conseguido um substituto à altura da senadora Marina Silva (PT-AC).

- Queria falar hoje do mais novo aloprado do governo federal, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que fez acusações mentirosas e caluniosas contra o nosso governo em Pernambuco, na questão da destruição da Mata Atlântica na Zona da Mata, região onde se encontram as usinas de cana. Tenho verdadeira ojeriza, completo nojo dos populistas, dos bobos da corte que se divertem atacando a honra alheia. Este é o caso do senhor Minc, que tem mais vocação para animador de auditório do que para ministro de Estado - disparou Jarbas.

Para o ex-governador de Pernambuco, o ministro do Meio Ambiente cria factóides políticos para compensar deficiências morais e de gestão.

- É realmente uma lástima que o presidente da República não tenha conseguido um substituto à altura para a senadora Marina, optando por uma pessoa que faz do folclore, da vaidade pessoal e do sensacionalismo seus instrumentos de trabalho - acrescentou.

O senador rebateu ainda a acusação de Minc de que Pernambuco tenha feito um acordo imoral com as empresas do setor sucroalcooleiro:

- Mentira do senhor Minc. A verdade é que este pacto foi formalizado pelo atual governo de Pernambuco. Mas mesmo sendo adversário político do atual governador, jamais poderia acusá-lo de ter firmado um acordo imoral e insinuar que esse acordo teria custado muito caro, como afirmou o ministro Minc. Em 2006, ainda na minha gestão, a Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos definiu instrução normativa para o licenciamento de 2007. Os termos de compromisso com as agências estaduais de meio ambiente são bem mais eficazes do que a bravata do ministro: 60% são cumpridos, contra 15% de eficácia da judicialização das ações ambientais.

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), lamentou a postura de Minc e pediu respeito aos pernambucanos.

- Esse cidadão, desde que escolhido ministro, vem ilustrando as páginas dos jornais com declarações pitorescas, não tão pitorescas quanto ele próprio. Agora ele estabeleceu um confronto com os pernambucanos. Em Limoeiro, havia um cara que administrava o circo e que se vestia como esse ministro, igualzinho. Penso que esse negócio de meio ambiente no Brasil não pode continuar entregue a esse tipo de alegria. Ele é um cara alegre. Nós precisamos de um cara responsável, que diga o que pensa, mas que pense direito. Não pode pensar besteira o tempo todo - afirmou.

Em sua resposta, Minc preferiu contemporizar:

- Tenho admiração por Jarbas Vasconcelos. Não fiz qualquer acusação pessoal a ele. Espero que ele apóie o projeto de recuperação florestal para que Pernambuco perca o título de estado campeão do desmatamento da Mata Atlântica do país.