Título: Oposição tenta presidir CPI
Autor: Rocha, Marcelo; Colon, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 20/05/2009, Política, p. 03

Apesar da resistência dos governistas, o democrata ACM Junior está cotado para assumir o comando da investigação contra a Petrobras

O PSDB começou a jogar a toalha na disputa pela indicação do presidente da CPI da Petrobras. Diante da resistência governista, que não abre mão de comandar a comissão, os tucanos tendem a apoiar um nome do DEM para tentar conquistar a vaga. Hoje, o favorito é Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA), embora os tucanos ainda sonhem, com pessimismo, em emplacar Álvaro Dias (PSDB-PR).

Os adversários do Palácio do Planalto avaliam que a estratégia tem chance de vingar. O DEM assumiu uma postura mais branda nos debates sobre a criação da CPI. E chegou a selar o acordo, sem êxito, de adiar a instalação da comissão, que seria precedida por uma audiência pública com o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. Além disso, ACM Júnior tem um bom trânsito entre os governistas. ¿Sou um homem de partido¿, afirmou ontem o parlamentar, colocando-se à disposição para a tarefa.

Em reunião no início da tarde, o PSDB definiu os nomes que representarão o partido na comissão. São todos da cúpula da legenda: Sérgio Guerra (PE), que preside a sigla, Tasso Jereissati (CE) e Álvaro Dias, autor do requerimento da apuração parlamentar. Por ser líder partidário, Arthur Virgílio (AM) tem direito à palavra durante os trabalhos da CPI e preferiu ficar de fora da composição.

A oposição tem direito a três das 11 vagas de titulares, além de duas suplências. Em troca do apoio político para tentar emplacar um nome do partido na presidência, o DEM deixaria o PSDB indicar dois titulares e preencher uma das suplências, ficando com o restante. Os demais democratas sondados para trabalhar na CPI foram Heráclito Fortes (PI) e Demostenes Torres (GO). Ontem, o presidente José Sarney (PMDB-AP) pediu para os líderes indicarem até amanhã os representantes na CPI.

Tropa de choque No lado governista, a definição segue outro ritmo. Ontem, o líder do Planalto no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), só tinha uma certeza: a base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não abre mão de ocupar a presidência e a relatoria da CPI. A escolha dos oito titurares e dos cinco suplentes que defenderão o governo durante o funcionamento da comissão deve sair entre hoje e amanhã.

Assim como a oposição, o Palácio deve escalar sua tropa de choque, como o próprio Jucá e o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP). ¿Pedi para o líder Renan (Calheiros, do PMDB de Alagoas) para me indicar para a CPI¿, admitiu Jucá, quando perguntado se iria trabalhar na CPI.

Mais cedo, em entrevista no Planalto, o ministro José Múcio negou que o governo articule uma tropa de choque. ¿O ideal é que (os integrantes) possam comparecer e contribuir com o debate para esclarecer a sociedade. Não é preciso defender o governo. É preciso mostrar que a Petrobras é responsável por gerar 40% do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)¿, disse.

--------------------------------------------------------------------------------