Título: Correios pedirá que TST declare greve abusiva
Autor: Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 03/07/2008, Economia, p. 30

Segundo a empresa, 40% dos funcionários da ECT aderiram à paralisação, que já atinge agências de 22 estados.

BRASÍLIA. A Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) considerou esgotadas as tentativas de negociação e decidiu ingressar no Tribunal Superior do Trabalho (TST) com pedido de abuso de greve. Seus funcionários estão de braços cruzados desde terça-feira. Segundo a assessoria da estatal, os trabalhadores suspenderam as atividades fora da data-base da categoria, em agosto. Os Correios - que consideraram o movimento radical - alegam ainda que várias reivindicações já foram atendidas.

O balanço da empresa mostra que 40% do quadro de pessoal aderiram à paralisação ontem, em 22 unidades da federação. As últimas adesões foram as de Santa Catarina e Roraima. Maior praça dos Correios, São Paulo teria visto a mobilização cair de 20% dos funcionários, na terça-feira, para 18%.

A estatal informou que os serviços estão normais em Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Amapá. No entanto, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Distrito Federal, Moisés Leme, só três estados não teriam aderido à greve: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. No total, 50 mil trabalhadores estão parados nas contas da entidade, representando 70% da área operacional.

Na Justiça, os Correios pretendem mostrar que a categoria foi beneficiada com reajuste quase três vezes maior do que a inflação entre 2003 e 2007. No período, o INPC acumulou alta de 40,2%. Já o salário médio dos funcionários subiu 118,12%. Em janeiro de 2003, o vencimento inicial do carteiro era de R$395,94, enquanto hoje recebe R$603,66. Segundo a empresa, os profissionais têm ainda adicional fixo de R$260, vale-alimentação e assistência médica e odontológica.

Em nota, a ECT diz "que foram esgotados todos os recursos possíveis para amparar o trabalhador, sem comprometer a sobrevivência da empresa, de modo a garantir o emprego dos mais de 110 mil trabalhadores em todo o Brasil".

A empresa acusa ainda os líderes sindicais de "atitudes radicais e abusivas" e, por isso, afirma que a direção foi obrigada a tomar medidas "para manter os serviços descontando os dias parados nos salários dos empregados que aderirem ao movimento grevista".

Quanto às entregas, foi feito apenas balanço parcial no estado de São Paulo. Até as 14h de ontem, deixaram de ser entregues três milhões de objetos.

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