Título: Gravidez indesejada para 45% das mulheres
Autor: Éboli, Evandro ; Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 04/07/2008, O País, p. 9

Pesquisa mostra que 28,2% desses nascimentos, nos últimos cinco anos, não foram planejados

BRASÍLIA E SÃO PAULO. Quase metade das mulheres que deram à luz nos últimos cinco anos admitiu que teve pelo menos uma gravidez indesejada. Segundo pesquisa do Ministério da Saúde, 45,8% das entrevistadas responderam que não queriam mais ou que preferiam ter esse filho mais tarde.

Os dados revelam que 28,2% desses nascimentos não foram planejados para aquele momento e 17,6% foram indesejados. Esse número cresceu em relação a 1996, quando 38,4% das mulheres não queriam aquela gestação. Kelli Cristina da Conceição Borges, por exemplo, nunca havia pensado em ser mãe, até ficar grávida ano passado, aos 18 anos. Sem notícias do pai de Kemelly, a experiência parece ter criado um trauma na mãe de primeira viagem, que não pretende ter outro bebê:

- Deus me livre! - diz ela, enquanto brincava no fim da tarde de ontem com a filha no Parque Trianon, na Avenida Paulista, em São Paulo.

Kelli diz não querer repetir o que chama de "erro" de sua mãe, que teve cinco filhos.

- Além da dor do parto, não quero colocar mais um filho no mundo sem ter condições para isso. Pôr filho no mundo é coisa séria - diz ela, que garante ter ficado grávida por descuido.

A pesquisa revelou ainda que as mulheres estão engravidando do primeiro filho mais cedo do que há dez anos. A idade mediana com que as mulheres têm o primogênito hoje é 21 anos. Em 1996, era de 22,5 anos. O estudo classifica esse fenômeno como "rejuvenescimento do padrão reprodutivo".