Título: Mais meninas iniciam vida sexual aos 15 anos
Autor: Éboli, Evandro ; Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 04/07/2008, O País, p. 9

Cresceu o uso de anticoncepcionais, mas número de meninas grávidas quase dobrou nos últimos dez anos

Evandro Éboli e Bernardo Mello Franco

BRASÍLIA. Os resultados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher mostram um aumento no número de mulheres que estão iniciando a vida sexual mais cedo. O estudo detectou que o percentual de jovens que têm a primeira relação aos 15 anos saltou de 11% para 32%. O total de adolescentes com idade entre 15 a 19 anos que se declararam virgens caiu de 67,2%, em 96, para 44,8% em 2006.

Para estudiosos, a precocidade na vida sexual é um desafio a ser enfrentado pelo governo, que pede políticas de prevenção contra doenças como a Aids e gravidez indesejada.

- É um número que preocupa e que merece toda nossa atenção - disse o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

As meninas estão também tornando-se, cada vez mais, mães prematuras. O número de grávidas aos 15 anos quase dobrou nos últimos dez anos: saltou de 3% para 5,8%. Segundo o estudo, 32% das mulheres de 15 a 19 anos mantiveram a primeira relação sexual com 15 anos ou menos.

Mais atividade sexual entre as de menor nível escolar

A pesquisa concluiu que, das mulheres com menor nível escolar - até quatro anos de estudo - apenas 3% nunca tiveram relações sexuais. O percentual sobe para 12% nas mulheres que com maiores níveis escolares. "Independentemente do grau de escolaridade, a idade mediana da primeira relação sexual aumenta à medida que a idade da mulher se eleva. Essa idade sofre um aumento com o grau de escolaridade", dizem os pesquisadores.

Sobre a situação conjugal, a pesquisa diz que 64% das 15.500 mulheres entrevistadas se acham em união, seja formal (36,7%) ou informal (27,3%). Do total, 25,8% são solteiras e 8,8%, viúvas, separadas, divorciadas e desquitadas.

A pesquisa mostrou que a média de filhos por mulher caiu de 2,5 para 1,8 nesses dez anos. Aumentou o número de acesso a todos os métodos de contracepção. Pulou de 73,1% para 87,2% o percentual de mulheres que declarou ter usado alguma vez algum método; o consumo de pílula anticoncepcional foi de 15,8% para 22,1%; o uso do preservativo masculino saltou de 4,3% para 12,9%. Em relação ao número ideal de filhos, a pesquisa revelou que o desejo de ter mais crianças cresce com o aumento da idade: 1,9 filho para as mais jovens e 2,5 nas mais velhas.

"Entre as mulheres que desejam mais filhos, 35,2% querem tê-los logo, nos próximos dois anos; 63,4% preferem adiar o próximo filho por dois anos ou mais. A intenção de não ter é expressa por uma em cada dez mulheres que ainda não têm filhos", diz a pesquisa.