Título: Gabrielli: inflação pressiona custos
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Fonte: O Globo, 04/07/2008, Economia, p. 26
Para presidente da Petrobras, gastos subirão mais. Estatal tem produção recorde
Priscila Guilayn*
MADRI e RIO. O presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, disse ontem que a inflação está pressionando os custos da estatal e que esta é uma das limitações a serem enfrentadas pela empresa:
- Tudo que será usado nestes novos projetos (a exploração das reservas no pré-sal) está sofrendo uma pressão inflacionária. Esta é a realidade que temos que enfrentar. Mas ao mesmo tempo, o futuro nos exige que coloquemos investimentos em novas infra-estruturas para ter acesso às novas reservas. Hoje, diante desta realidade, é difícil tomar decisões, mas uma decisão correta pode mudar o futuro - comentou ele durante a 19º Congresso Mundial do Petróleo, que acabou ontem em Madri.
Segundo ele, o preço internacional do petróleo não cairá significativamente:
- Para incrementar a produção, a partir de agora, os custos serão maiores. Em águas profundas, por exemplo, é mais caro. Cada barril extra hoje custará mais do que um barril explorado no passado. Isto é um sinal que, para o futuro, não devemos esperar uma queda dramática no preço internacional, pois os custos vão aumentar.
Tupi precisa de novo modelo de produção, diz Gabrielli
Gabrielli ressaltou que o campo de Tupi, na Bacia de Santos, tem um enorme potencial de exploração, mas será preciso muita infra-estrutura.
- Hoje, em Campos, transportamos por helicóptero 40 mil pessoas por mês. Não podemos fazer isso no caso da Tupi, não faria sentido - diz Gabrielli, referindo-se à área que está a 300 quilômetros da costa. - Portanto, precisamos de um novo modelo de produção. Vamos precisar de 72 novos tanques, 146 barcos... Os investimentos serão enormes.
Gabrielli afirmou que a Petrobras enfrentará limitações na contratação de funcionários:
- Vamos precisar de novas pessoas, mais do que estão disponíveis.
A Petrobras informou ontem que bateu novo recorde de produção mensal de petróleo no Brasil em junho, com 1,867 milhão de barris por dia (bpd), volume 4,2% maior que a média do ano passado (1,792 milhão bpd). A nova marca é resultado da entrada em operação de novos poços interligados às plataformas P-52 e P-54 - no campo de Roncador, na Bacia de Campos - e à plataforma de Piranema, no mar de Sergipe. Também contribuiu para o recorde o início da produção de poços nos campos de Albacora, Albacora Leste e Marlim, em Campos.
(*) Com agências internacionais