Título: Petróleo bate mais um recorde e já acumula alta de 102% em 12 meses
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Fonte: O Globo, 04/07/2008, Economia, p. 26
Para Paulson, enfraquecimento do dólar não tem influência sobre preços
NOVA YORK e LONDRES. O preço do petróleo manteve ontem sua rotina de quebra de recordes, superando os US$145 pela primeira vez no mercado de Nova York e US$146, no de Londres. A queda dos estoques americanos anunciada na véspera continuou a pressionar os preços, segundo operadores. Além disso, a debilidade do dólar frente a moedas como o euro e o iene e temores quanto à produção petrolífera no Oriente Médio e África também influenciaram a alta dos preços. Em 12 meses, o barril do petróleo leve americano já acumula alta de 102,33%.
Na Bolsa Mercantil de Nova York, os contratos para agosto do petróleo do tipo leve americano (WTI) encerraram a sessão cotados a US$145,29 o barril, uma alta de 1,2%. Foi o segundo recorde seguido e representou um aumento de US$5 em relação à sexta-feira passada. Antes da abertura da bolsa, no entanto, o barril do leve chegou a ser negociado a US$145,85, seu patamar mais alto já registrado. O recorde ocorre às vésperas do feriado americano do Dia da Independência, o que implica um aumento do uso de automóveis. Porém, este ano, os americanos estão reconsiderando viajar de carro, com os preços da gasolina também em patamares recorde.
Na Bolsa Internacional de Petróleo, em Londres, o preço do petróleo do tipo Brent fechou pela primeira vez acima dos US$146. O barril encerrou o dia com valorização de 1,3%, a US$146,08, depois de ter tocado US$146,69.
Para Arábia Saudita, não há escassez de oferta
A decisão do Banco Central Europeu (BCE) de elevar as taxas básicas de juros da zona do euro em 0,25 ponto percentual, para 4,25%, debilitou ainda mais o dólar frente ao euro, o que estimularia novos aumentos dos preços do petróleo. Para o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, não faz sentido responsabilizar o câmbio pelos patamares recordes do petróleo, sugerindo que tais argumentos, na verdade, escondem um movimento de especulação.
- O dólar se desvalorizou em torno de 24%, menos que 25%, desde fevereiro de 2002. O petróleo subiu bastante, mais de 500% - disse ele. - Subiu em todas as moedas.
Além do câmbio, os operadores apontam ainda as tensões entre EUA e Irã em torno do programa nuclear do regime de Teerã. Recentemente, manobras militares israelenses foram interpretadas como um treinamento para destruir instalações nucleares iranianas. Uma crise militar na região poria em risco o transporte de importante parte da produção mundial de petróleo.
Ontem, no encerramento do 19º Congresso Mundial do Petróleo, o ministro de Petróleo da Arábia Saudita, maior produtor mundial e membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Ali al-Naime, voltou a negar que a oferta atual seja escassa.
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