Título: Pastoral confirma queda de desnutrição infantil
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 08/07/2008, O País, p. 9

Mortalidade também diminuiu no ano passado, reiterando o resultado da pesquisa do Ministério da Saúde.

SÃO PAULO. Levantamento da Pastoral da Criança mostra que a mortalidade infantil e a desnutrição diminuíram no ano passado entre os atendidos pela instituição, comparando com 2006. Os dados indicam que a tendência de redução desses índices no país, mostrada na pesquisa divulgada semana passada pelo Ministério da Saúde, com números de 1996 a 2006, confirmaram-se também no ano passado.

A Pastoral atende quase 20% dos 9,6 milhões de menores de 6 anos cujas famílias ganham menos de dois salários mínimos (R$830) mensais e vivem sob risco de desnutrição.

Os dados da Pastoral envolvem 1,8 milhão de menores de 6 anos, atendidos por 246 mil voluntários. O levantamento mostra que, em 2007, a taxa de mortalidade caiu de 12,7 para 11 entre cada mil nascidos vivos entre os acompanhados pela instituição, enquanto a desnutrição diminuiu de 3,6% para 3,1%. Os dados do Ministério da Saúde, que são globais, apontam que a mortalidade caiu de 39 por mil nascidos vivos, em 1996, para 22 por mil em 2006. A desnutrição infantil aguda, de 2,3% em 1996, diminuiu para 2% em 2006.

"É preciso avançar muito, principalmente no Nordeste"

A redução dos dois índices foi celebrada sem foguetórios pela Pastoral da Criança. A coordenadora nacional, Irmã Vera Lúcia Altoé, frisou que o levantamento mostrou que muitas crianças ainda estão morrendo por falta de políticas públicas adequadas, principalmente no Nordeste:

- É preciso avançar muito, principalmente no Nordeste e em alguns estados do Norte. É preciso melhorar as políticas públicas. E nós precisamos atender mais. Só conseguimos 20% do universo de crianças sob risco. Faltam 80% ainda.

Um dos dados que mais preocupam a Pastoral está diretamente relacionado à falta de assistência à saúde: o índice de mortes por afecções neonatais (mortes de bebês com menos de 28 dias), que era de 44,2% em 2006 - considerado muito alto - subiu para 47,2% no ano passado.

- Fazemos muitos esforços para que essas mortes diminuam, mas entramos em 2008 com esse descaso no Pará, onde mais de 20 recém-nascidos morreram na Santa Casa de Belém e as autoridades afirmando que é normal. De um lado, 260 mil brasileiros se empenham voluntariamente para salvar vidas; de outro, o descaso público - disse a Irmã.

Segundo a Pastoral, mais da metade das crianças até 6 anos tem anemia, devido a alimentação inadequada. A prevalência é menor nas crianças pequenas que são amamentadas.

Já nos centros urbanos aumentam os casos de obesidade, mesmo entre as crianças mais pobres. Muitas são obesas e, ao mesmo tempo, carentes de micronutrientes.