Título: FGV: com alimentos caros, inflação para os mais pobres atinge 9,11%
Autor: Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 08/07/2008, Economia, p. 19
Em junho, índice acumulado em 12 meses tem a maior alta desde 2004
Os alimentos, mais uma vez, pesaram no orçamento dos brasileiros de baixa renda. Foi o que mostrou o Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1) - que foi divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e que mede a inflação para as famílias com ganhos mensais entre um e 2,5 salários mínimos. Em junho, a taxa foi de 1,29%, um pequeno arrefecimento diante da variação de 1,38% em maio. Ainda assim, a inflação para os mais pobres nos últimos 12 meses chegou a 9,11%, contra 8,24% no acumulado até maio, a maior variação da série iniciada em janeiro de 2004. No ano, o índice já subiu 5,97%.
O IPC-C1 supera o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-BR), para o conjunto da população. No mesmo mês, o IPC-BR ficou em 0,77%. No ano, 3,84%; e em 12 meses, 5,96%.
- Os alimentos pesam mais para os mais pobres, comprometendo quase 40% do orçamento. Então, o IPC-C1 é mais sensível aos preços do grupo de alimentação. Por isso, é possível o IPC-C1 encerrar 2008 o dobro do IPC-BR, se a alimentação não ceder - disse André Braz, economista da FGV, frisando que a alta dos preços desse grupo passou de 17,01% para 18,88% nos últimos 12 meses encerrados em junho.
No mês passado, ficaram mais caros itens como arroz (14,37%), feijão carioquinha (15,57%), carnes (8,07%) e batata (9,61%). Já o óleo de soja ficou mais barato (-1,78%).
Segundo Braz, as famílias de baixa renda não devem ter alívio no bolso em julho. O frio pode encarecer legumes e verduras, que há três anos consecutivos vinham registrando neste período queda de 5%.
- O inverno mais rigoroso pode tornar mais caro o leite. Além disso, carnes e soja já sobem no atacado. Por outro lado, derivados de trigo podem não ter alta devido a uma normalização no abastecimento de trigo no país.
Além dos alimentos, as tarifas públicas podem apresentar reajustes em julho.
- Neste ano, o reajuste de energia elétrica deve ser de 8%, ao contrário do que se viu no ano passado quando houve um reajuste negativo de 11% na Eletropaulo. E ainda tem telefonia fixa e água em algumas regiões - acrescentou Bras.
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