Título: Dito malvado, juiz é respeitado
Autor: Farah, Tatiana;
Fonte: O Globo, 12/07/2008, Economia, p. 27
Defensor de que não pode haver criminosos intocáveis, De Sanctis conquista aliados
Soraya Aggege e Tatiana Farah
SÃO PAULO. O juiz Fausto Martin de Sanctis, de 43 anos, mais de 17 deles na 6ªVara Federal Criminal de São Paulo, tem fama de durão e ganhou a alcunha de "juiz malvado" do primeiro banqueiro que mandou prender, Edemar Cid Ferreira, do Banco Santos, antes de determinar as prisões de Daniel Dantas, do Opportunity. O seu gabinete é apelidado por renomados criminalistas paulistanos de "câmara de gás". Mas não foi à toa que De Sanctis conquistou o apoio, quase que unânime, dos magistrados brasileiros em sua defesa, na batalha contra o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.
De Sanctis é considerado um dos maiores especialistas brasileiros nos chamados crimes de colarinho branco. Além da especialização, segundo os amigos, sempre deixa clara a sua opção de vida: o Brasil não pode ter criminosos "intocáveis".
Os inimigos afirmam que essa postura é "ideológica" e, portanto, não deveria estar na boca de um magistrado. Mas eles mesmos reconhecem que ainda não encontraram deslizes em suas decisões:
- Não concordo com a ideologia, mas devo admitir que esse juiz só age dentro da lei - diz um famoso criminalista.
Até agora, não há registros de denúncias de má conduta do juiz, considerado "um dos melhores juízes brasileiros" pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe).
- Ele não é de aparecer muito, não é do tipo que busca a exposição, é muito sério. Tem uma estrutura mínima para atuar na sua área e, mesmo assim, consegue fazer trabalhos brilhantes. Ele merece nossa confiança - afirmou o presidente da Ajufe, Fernando Cesar Baptista de Mattos.
Antes de mandar prender Daniel Dantas, duas vezes em menos de dez horas, desafiando o presidente do STF, De Sanctis condenou o doleiro Toninho da Barcelona; seqüestrou obras de arte de Edemar Cid Ferreira; e pediu a prisão do magnata russo Boris Berezovsky, suspeito de ser um dos investidores ocultos do Corinthians. Neste último caso, foi acusado de descumprir decisão do ministro Celso de Mello, do STF.