Título: Na Câmara, Chico Alencar defende MST
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 10/07/2008, O País, p. 10

Candidato chama de acinte documento do MP gaúcho que sugeriu a extinção do movimento

Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. O candidato do PSOL a prefeito do Rio, Chico Alencar, concentrou ontem suas atividades na Câmara, onde defendeu a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e criticou o Conselho Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul, que defendeu ações judiciais para dissolver o MST e declarar a ilegalidade do movimento. No encontro "Criminalização e judicialização indevidas de movimentos sociais e de seus dirigentes", na Comissão de Direitos Humanos, Chico chamou de acinte e de atraso o documento do Ministério Público gaúcho, que já teria recuado de seu teor.

- Há uma onda conservadora muito grave no Brasil. Que a gente faça valer a Constituição. A carta do Ministério Público é um acinte, um atraso, uma ofensa, um obscurantismo. É um exemplo concreto do medievalismo - disse Chico.

Ele foi irônico ao criticar o Ministério Público gaúcho:

- Vamos fazer uma espécie de contra-ata, a ata da liberdade e da democracia. A ata do Ministério Público diz que é preciso dissolver o MST. Pois bem, que se estenda isso aos cartéis, aos monopólios... Também queremos a extinção do MST, porque queremos que não haja mais nenhum sem-terra (no Brasil). Defendo o MST dentro dos preceitos da Constituição.

A ata do MP gaúcho falava ainda em investigações dos líderes do MST por crime organizado por invasões e depredação de prédios públicos. Ao ser perguntado sobre tais práticas, Chico disse que para evitá-las as autoridades precisam dialogar:

- O melhor antídoto para ocupações indevidas é o diálogo permanente, e não a judicialização dos movimentos. E alguém dizer que minha prefeitura seria de prédios ocupados, é fazer especulação de política barata e pouco inteligente.

O secretário nacional de Direitos Humanos, ministro Paulo de Tarso Vannuchi, deu apoio ao MST e disse que o gesto não significa aval às invasões organizadas pelo grupo.