Título: Paulinho se contradiz sobre doação
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Fonte: O Globo, 10/07/2008, O País, p. 11
Deputado diz que desvio de dinheiro do BNDES é um crime sem cadáver
BRASÍLIA. O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, caiu em contradição ontem ao explicar a transação de R$37 mil feita com João Pedro Moura, investigado como um dos cabeças da quadrilha que desviava recursos do BNDES. Na retomada do depoimento ao Conselho de Ética, Paulinho contradisse declarações da véspera sobre o depósito de Moura para a ONG Meu Guri, presidida por sua mulher, Elza Pereira.
Há suspeita de que a Meu Guri e outra ONG, a Luta e Solidariedade, do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Heleno Bezerra, tenham sido usadas para lavar parte da propina descrita numa planilha descoberta pela PF. Para o relator Paulo Piau (PMDB-MG), a quadrilha pode ter usado as ONGs para repassar dinheiro para Paulinho e sua mulher. Paulinho negou ser o destinatário dos depósitos.
- Não houve desvio de dinheiro no BNDES. Esse é um crime sem cadáver. O que aconteceu depois (da liberação dos empréstimos) é que tem que ser investigado. Não tive nada a ver com isso - disse Paulinho.
Na véspera, Paulinho dissera que Moura havia doado à ONG Meu Guri, em 2004, um apartamento de R$80 mil e que, como Elza não conseguiu vender o imóvel, resolveu devolvê-lo a Moura. Para compensar a ONG, que teria arcado com as dívidas do apartamento, Moura deu os R$37 mil.
Ontem, confrontado com o fato de não haver documentos ou registros em cartório, Paulinho disse que se equivocara ao falar sobre doação. Ele explicou que Moura fizera uma procuração garantindo que, quando o apartamento fosse vendido, repassaria o dinheiro para a ONG.
- Não foi doação, foi um termo de cessão de venda para minha mulher vender e usar o produto da venda da ONG. Mas a ONG não vendeu e acumulou dívidas. Ele pegou o apartamento de volta e poderia ter rasgado o termo, mas a Meu Guri ainda fez um bom negócio. Os jornais publicaram sobre o depósito e tivemos que explicar. Como a ONG não ficou com o apartamento, Moura doou R$37 mil - explicou Paulinho.