Título: Racha à vista
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 10/07/2008, Economia, p. 22

Mercado crê em cisão após prisão

A prisão dos diretores do Opportunity pode provocar uma cisão no grupo, rompendo uma parceria, que remonta aos anos 80, entre o baiano Daniel Dantas e o engenheiro potiguar Dório Ferman. Admirador assumido do investidor americano Warren Buffett, que se opõe com seu estilo conservador à ousadia que celebrizou George Soros, Ferman, na opinião de fontes do mercado, talvez não volte ao comando do banco Opportunity após o fim do imbróglio com a Polícia Federal.

Antes mesmo da Operação Satiagraha ser deflagrada, Ferman já vinha transferindo a gestão dos negócios para os novos executivos: o ex-diretor do Banco Central Afonso Bevilacqua e o jovem economista Felipe Pádua, que começou como estagiário e hoje, aos 34 anos, é diretor de Gestão. Ferman e Dantas não compartilham das mesmas opiniões nos negócios, tanto assim que um não costuma se meter nos assuntos do outro. Dantas é responsável pelo Opportunity CVC, que cuida dos investimentos em participações em outras empresas, enquanto Ferman se responsabiliza estritamente pela gestão dos fundos.

O estilo Ferman de investir também é peculiar. Os fundos do Opportunity costumam ter forte exposição em uma pequena variedade de ativos. Na sua concepção, é mais fácil acompanhar de forma eficiente quatro ou cinco empresas, investindo nos seus papéis. Ferman não gosta de chegar cedo ao banco e, muito menos, de estender o horário de trabalho até tarde. Ele costuma brincar que "sua mulher trabalha mais do que ele". A mulher de Ferman é oncologista. (Liana Melo e Juliana Rangel)