Título: Nordeste supera Sul em consumo de energia
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 10/07/2008, Economia, p. 27
Com aumento de renda, acesso à energia elétrica nas residências nordestinas se igualou à média nacional
Ramona Ordoñez
Com mais dinheiro no bolso e a chegada de eletricidade a um número maior de residências, a população da Região Nordeste está consumindo cada vez mais energia. Pela primeira vez, o consumo residencial de energia elétrica do Nordeste superou o da Região Sul, que historicamente sempre foi superior, segundo dados divulgados ontem pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Nos 12 meses encerrados em maio, o consumo nordestino foi de 15,4 mil Gigawatts/hora (GWh) de energia, contra 15 mil GWh no Sul.
Para se ter uma idéia, em 2003, a Região Sul consumiu 13 mil GWh de energia, contra 11,9 mil no Nordeste.
Nordeste tem o dobro da população da Região Sul
O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, destacou que esses números refletem uma melhor distribuição de renda no país. Ele lembrou que, apesar de ter quase o dobro da população do Sul, o Nordeste sempre consumiu menos energia.
Segundo Tolmasquim, o maior consumo de energia pelos nordestinos se deve ao aumento da renda da população, graças aos reajustes do salário mínimo, que tem peso grande na região, e aos repasses do programa Bolsa Família.
Se os que já tinham acesso à energia passaram a consumir mais, cresceu também o número de residências com luz elétrica. Segundo Tolmasquim, isso ocorreu graças ao programa de universalização Luz para Todos.
- Esses números têm um simbolismo muito forte. A taxa de domicílios com energia no Nordeste atingiu a média brasileira - destacou o presidente da EPE.
Segundo Tolmasquim, a parcela da população com acesso à eletricidade no Nordeste passou de 86% em 2003 para 95% em 2007. A média brasileira no mesmo período cresceu de 92% para 96% da população.
Entre 2004 e 2008, o programa Luz para Todos atendeu 3,8 milhões de pessoas no Nordeste, quase metade dos 7,8 milhões atendidos em todo o país. A região também se beneficiou de um forte aumento na renda das famílias. Tolmasquim lembrou que o ganho real do salário mínimo foi de 35,7% entre 2003 a 2007. Além disso, o Nordeste recebeu R$13 bilhões de 2003 a 2006 pelo Programa Bolsa Família, 53% dos R$24,5 bilhões destinados a todo o país.
O presidente da EPE mostra como exemplo do aumento do consumo de energia o maior acesso a eletrodomésticos nas residências do Nordeste. Em 2006, 86,8% da população nordestina tinha televisores, contra 80% em 2002. A posse de geladeiras subiu de 67,6% para 74,3% neste período.