Título: Monitoração de contas ajuda investigadores
Autor: Batista, Henrique Gomes ; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 11/07/2008, Economia, p. 25

Brasil adotou padrão mundial

BRASÍLIA. A procuradora da Fazenda Nacional Adrienne Senna, ex-presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), disse que se não fosse a criação do órgão, um caso como o desbaratado esta semana pela Polícia Federal (PF) nunca seria descoberto. Criado em 1998, o conselho foi instituído para o Brasil responder ao movimento mundial, que clamava por sistemas mais efetivos de combater os crimes financeiros. Com o Coaf, foram criadas leis que facilitaram a investigação bancária e novas formas de cooperação internacional.

- Posso afirmar com certeza que um caso como esse não seria descoberto antes do Coaf, já que no passado eles não eram descobertos. Veja o caso PC Farias: sabia-se que havia laranjas no esquema, mas não se conseguiu avançar - disse Adrienne.

Na época, foi criada a obrigação de notificação ao Coaf de operações financeiras acima de certos valores, além de mais flexibilização do sigilo bancário. Segundo Adrienne, graças a isso a investigação desses crimes mudou de patamar:

- Agora podem até existir laranjas, mas eles são reais, são pessoas que existem, e não personagens fictícios.

Ela diz que este não foi apenas um movimento no Brasil, mas em todo mundo, na luta contra o narcotráfico e o terrorismo. Para ela, porém, só essas medidas não são suficientes. Elas estão mais efetivas porque cada vez mais há intercâmbio entre instituições nacionais e internacionais. Ela destaca ainda a melhoria técnica da PF e a quebra de sigilo telefônico no cerco aos criminosos. (H. G. B.)