Título: Abin diz que não teve participação nas ações
Autor: Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 15/07/2008, Economia, p. 25

Agência nega também que tenha feito grampos.

BRASÍLIA. O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, negou ontem que tenha feito escutas telefônicas de pessoas investigadas pela Polícia Federal na Operação Satiagraha. Em nota oficial, divulgada no fim da tarde, ele afirma ainda que não teve qualquer participação na preparação da ação. Na semana passada, o diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa, criticou duramente atuação de agentes da Abin na operação. A pedido do delegado Protógenes Queiroz, que está à frente das investigações sobre Daniel Dantas, agentes da Abin participaram de várias etapas do processo, até mesmo da vigília de alguns investigados.

"A direção geral não tem e não teve nenhuma participação ou iniciativa, muito menos ingerência, nos fatos que resultaram na referida operação policial. Desde que deixou a direção do Departamento de Polícia Federal, em agosto de 2007, o atual diretor-geral da Abin dedica-se exclusivamente a sua função", informa nota divulgada pela assessoria da Abin.

Na quarta-feira passada, um dia depois da deflagração da Satiagraha, surgiram informações de que agentes da Abin foram recrutados para reforçar a equipe de Protógenes Queiroz. O delegado teria se irritado com o não atendimento de alguns pedidos que fez aos seus chefes dentro da polícia e, por isso, recorreu à ajuda da Abin.

Segundo auxiliares de Lacerda, Protógenes pediu apoio no âmbito das superintendências estaduais da Abin e não diretamente ao diretor-geral da instituição. Mesmo depois da nota oficial, Luiz Fernando Corrêa manteve as críticas ao pedido de ajuda à Abin. Para Corrêa, a entrada da Abin nas investigações ocorreu à revelia da direção da PF. Corrêa argumenta ainda, segundo um de seus auxiliares, que a Abin só poderia participar da operação a partir de um pedido dele para Lacerda ou do ministro da Justiça, Tarso Genro, para o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix.

- Não houve pedido institucional de colaboração (entre PF e Abin) - disse um assessor de Corrêa.

Na nota oficial, Lacerda também sustenta que a Abin não fez grampos telefônicos:

"A Abin não realiza quaisquer atividades para as quais não possua respaldo na legislação em vigor. Por isso, considera absurdas e levianas as declarações de que tenha executado monitoramento telefônico de quaisquer pessoas, sejam elas do setor público ou privado."