Título: Não vamos soltar rojão, afirma Minc
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 16/07/2008, O País, p. 11

Ministro diz que "guerra com os governadores" acabou.

BRASÍLIA. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, evitou comemorar a queda na devastação da Amazônia em maio, afirmando que o resultado é "moderadamente otimista". O recuo, porém, já levou Minc a rever sua previsão de desflorestamento para os 12 meses entre agosto de 2007 e julho de 2008, dado que só será divulgado no fim do ano, pois é calculado por um sistema mais abrangente de satélites. Antes, Minc projetava 15 mil quilômetros quadrados de floresta destruída. Agora, já fala em 13 mil, número ainda assim 15% maior do que os 11.224 quilômetros quadrados registrados no período 2006-2007.

- Não ficamos contentes, o desmatamento é muito acima do que deveria ser. Começou a melhorar um pouco, mas isso não nos faz comemorar. Não vamos soltar rojão. Continuo preocupadíssimo - declarou ele.

O ministro anunciou medidas para conter o desmatamento, entre elas a assinatura de decreto pelo presidente Lula, no próximo dia 1º de agosto, no Rio, criando o Fundo da Amazônia, que receberá inicialmente US$100 milhões do governo da Noruega. Outro fundo, destinado a adotar medidas contra as mudanças climáticas, também será criado e deverá receber R$600 milhões de taxa cobrada pela exploração de petróleo. Um protocolo será firmado com bancos públicos e privados para que essas instituições não financiem empreendimentos que ameacem o meio ambiente. A meta do Fundo Amazônia é obter US$900 milhões nos próximos 12 meses, com doações de governos estrangeiros e empresas privadas brasileiras.

- Você não acaba com o desmatamento só com o Ibama e a polícia. Tem que ter economia alternativa, sustentável, com apoio e crédito.

Na próxima terça-feira, Lula vai regulamentar a Lei de Crimes Ambientais, dando mais poderes de fiscalização ao Ibama e reduzindo as possibilidades de recursos contra multas, além de contratar mil guardas para conter incêndios nas áreas de conservação.

Minc destacou que, pela primeira vez, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), detalhou o grau de devastação. A avaliação foi feita por amostragem e atendeu a uma reivindicação dos governadores da Amazônia Legal. O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, criticava o fato de que o tamanho do desmatamento, como era divulgado, misturava áreas de floresta em diferentes estágios de destruição.

- Acabou a guerra com os governadores - disse Minc.

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