Título: Investigação conhecida desde março
Autor: Batista, Henrique Gomes; Suwwam, Leila
Fonte: O Globo, 16/07/2008, Economia, p. 22

Dantas acionou Greenhalgh e Braz após ler nota em blog sobre o caso.

BRASÍLIA. Os grampos telefônicos da Operação Satiagraha mostram que o ex-deputado federal petista e advogado Luiz Eduardo Greenhalgh foi acionado em março para verificar a existência de investigações do governo contra Daniel Dantas e o Opportunity. Além disso, ele atuava em fronts políticos, em assuntos desde tentativas de mudanças na legislação de portos a intermediação com o governo do Pará, também do PT.

Já se sabe que Greenhalgh, apelidado de "Gomes" por interlocutores de Dantas, buscou informações secretas sobre a atuação da Agência Brasileira de Investigação (Abin) no gabinete presidencial, em maio, junto a Gilberto Carvalho. O petista diz que agiu dentro dos limites legais e de suas incumbências como advogado do Opportunity.

Segundo o inquérito do delegado Protógenes Queiroz, Dantas recebeu um aviso de que a PF estaria "atrás" dele a partir de dados da Operação Chacal, de 2004, vindas de um blog, que publicou em 21 de março que o governo tinha a intenção de "enjaular" o banqueiro "opportunista" numa ação que prometia pirotecnias. Nesse mesmo dia, Daniel Dantas pede a Humberto Braz (ex-presidente da BrT Participações) para "dar uma olhada e passar para longe".

"A gente já vendeu a Brasil Telecom para a Telemar"

No dia seguinte, Braz fala do tema com Greenhalgh e, segundo a PF, "Gomes fica de ver". Cinco minutos depois, Daniel Dantas volta a demonstrar preocupação com o assunto e ouve que "Gomes" já estava mobilizado. Em 25 de março, Greenhalgh repassa informação de que a "conjuntura é favorável".

No dia 25 de abril, Dantas é procurado pela reportagem da "Folha de S.Paulo" sobre a operação da PF. A polícia gravou sua conversa sobre o assunto com Guilherme Sodré, o Guiga.

"(...) o jornalista queria uma resposta, mas não vou responder não, porque agora não tem mais necessidade, porque a gente já vendeu a Brasil Telecom para a Telemar" (o acordo para a fusão BrT-Oi, que passava pela saída de Dantas do negócio, estava prestes a ser assinado).

Ainda assim, o banqueiro ouve de Guiga que Greenhalgh e o também ex-deputado federal petista e advogado Sigmaringa Seixas estavam "em campo".

As suspeitas sobre a atuação de Greenhalgh aparecem no inquérito em outras gravações de abril, quando trata com Guiga sobre "portos".(L.S. e H.G.B.)