Título: Cacciola pede para não ser algemado ou fotografado ao chegar no Brasil
Autor: Frisch, Felipe; Duarte, Fernando
Fonte: O Globo, 16/07/2008, Economia, p. 24

Ex-banqueiro, preso em Mônaco, deverá aterrissar no Rio amanhã.

RIO e MONTECARLO. O advogado do ex-banqueiro Salvatore Cacciola no Brasil, Carlos Ely Eluf, entrou com mais dois pedidos de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ). No de ontem, ele pede que seu cliente não seja "algemado, fotografado ou colocado na traseira de um camburão", e que seja permitido o acesso dos advogados de Cacciola a ele.

- É para acabar com essa pirotecnia da Polícia Federal (PF) de chamar todo mundo e fotografar, para que se preserve a intimidade (do acusado) - explicou Eluf. - Caberá à PF não deixar fotografar - disse sobre a provável presença de jornalistas.

Em outro pedido, na segunda-feira, o advogado alega excesso de prazo, já que teria sido extrapolado o período da prisão temporária, de 81 dias pela jurisprudência, segundo Eluf.

- Ele está há dez meses só em Mônaco e ainda não tem condenação definitiva - disse.

Os pedidos de habeas corpus serão analisados pelo presidente do STJ, ministro Humberto Gomes de Barros.

Mãe de Cacciola morreu, aos 85 anos, no domingo

A família do ex-banqueiro publicou ontem um anúncio fúnebre comunicando o falecimento de Bianca Pellegri Cacciola, mãe de Salvatore, aos 85 anos, no domingo, dia 13. A nota é assinada pelos irmãos Alberto (segundo nome de Salvatore Cacciola), Renato e Gianpiero.

"Infelizmente ela não conseguiu resistir ao massacre público com o nome da nossa família, mas com certeza agora está feliz ao lado do nosso pai e de sua neta querida. Graças a Deus ela será poupada dos difíceis dias que ainda iremos passar", encerra o anúncio, se referindo a Milene, filha de Salvatore que morreu em 2004 aos 28 anos. Dona Bianca chegou a visitar Salvatore enquanto ele morava na Itália.

Renato Cacciola é diretor Comercial da fabricante de móveis Lacca, fundada por seu pai em 1972. Hoje, prepara os filhos para assumirem o negócio. O nome de Gianpiero ganhou destaque em agosto de 2007 por ter sido ferido no ataque a tiros que resultou na morte de sua esposa, Miriam Teixeira, na Barra.

Diante do número de reviravoltas que transformou um caso de extradição numa longa batalha judicial de dez meses, é normal que as autoridades brasileiras nos últimos dias tenham adotado uma postura bastante "low profile" (discreta) em relação ao destino de Salvatore Cacciola.

No entanto, não parece haver muitas dúvidas em Brasília que a operação para trazer o ex-banqueiro de Mônaco para o Brasil será posta em prática hoje, quando Cacciola deixará a prisão de segurança máxima que ocupa no principado, escoltado por uma equipe de três agentes da Polícia Federal, e iniciará na cidade vizinha de Nice, na França, uma jornada que terminará no Aeroporto Tom Jobim na manhã de quinta-feira.

O ex-banqueiro viajará num vôo comercial e, de acordo com informações iniciais de fontes do Ministério da Justiça, na classe econômica. Ainda não está decidido se Cacciola fará a jornada algemado e se, no Rio, seguirá para a sede da Polícia Federal, na Praça Mauá, ou será apresentado à Justiça. De acordo com o parecer emitido pelo judiciário monegasco no mês passado, quando o pedido de extradição foi aceito, os meses que Cacciola passou detido em Mônaco terão de ser descontados da sentença de 15 anos que ele recebeu por peculato e má-gestão financeira em 2005. O caso deve ser julgado, agora, pelo Tribunal Regional Federal.

(*) Enviado especial