Título: Cooperativas na mira do MP
Autor: Amora, Dimmi
Fonte: O Globo, 17/07/2008, O País, p. 4

Próximo alvo dos investigadores são repasses de R$165 milhões.

O próximo eixo das investigações do Ministério Público em torno do escândalo das ONGs no Estado do Rio abrange as cooperativas que prestavam serviço à Secretaria estadual de Saúde, também contratadas pela Pro-Cefet, a Alternativa Social e a Filipenses, por um total de R$165 milhões. A ação civil pública proposta pelos promotores lembra que "coincide o período em que algumas destas entidades figuraram como doadoras de dinheiro para campanhas políticas com o tempo de execução de projetos para o governo". Uma delas é a Coopersonal, que tinha como sócios dois doadores da pré-campanha do ex-governador Anthony Garotinho à Presidência da República: Luiz Motta Roncoli, representante legal da Virtual Line, e Estefano Bezerra da Silva, representante legal da Inconsul.

De acordo com os extratos bancários a que a investigação teve acesso, foram feitas transferências em um total de R$1,4 milhão para a Coopersonal pela Alternativa Social e de R$6,8 milhões pela Fundação Filipenses. O MP classifica de "promíscua" a relação entre as cooperativas e as ONGs.

Um dos alvos mais claros da apuração dos promotores é Milton Rangel, integrante da diretoria da Service Coop até 25 de janeiro de 2006. A cooperativa recebeu R$3,8 milhões da Alternativa Social e R$27,9 milhões da Filipenses - o maior volume de transferências do Saúde em Movimento. Ele mantém relação, segundo o MP, com a Health Coop, que recebeu R$4,5 milhões, também por prestação de serviço à Filipenses.

O empresário e mais três parentes também aparecem como sócios de outras quatro empresas que receberam R$5,1 milhões do mesmo projeto da Secretaria estadual de Saúde. Apesar das altas somas, diz o Ministério Público, não há comprovação de que o serviço tenha sido prestado. As quatro últimas empresas foram criadas em 15 de setembro de 2005, "curiosamente no período em que se preparava a transição do contrato da Secretaria estadual de Saúde com a Fesp e CBDDC para a Pro-Cefet/Alternativa Social/ Filipense.

Além de serviços semelhantes - o repasse de pagamento de salários de servidores da área de saúde -, as cooperativas compartilhavam também o mesmo endereço. O município de Saquarema, segundo o MP, concentra quantidade "extraordinária" de cooperativas.

A busca e a apreensão de documentos, de acordo com os promotores, ajudarão a identificar os desvios de recursos através do esquema.