Título: Dilma Rousseff deve ter alta hoje
Autor: Campbell, Ullisses
Fonte: Correio Braziliense, 20/05/2009, Política, p. 05

Estado de saúde da ministra-chefe da Casa Civil é considerado estável. Segundo médicos, dores na perna são reação a uma das drogas utilizadas juntamente com o tratamento de quimioterapia

Depois de passar por uma bateria de exames clínicos e uma ressonância magnética para identificar a origem das fortes dores que sentiu na segunda-feira, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deverá ter alta hoje à tarde do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ela foi internada às pressas na madrugada de terça-feira por causa de uma crise de dores que foram associadas ao tratamento contra o câncer linfático. Em dois boletins assinados por sua equipe médica e pela direção do hospital, consta que a pré-candidata à Presidência da República encontra-se em estado de saúde bom e estável.

Dilma deu entrada no Sírio Libanês às 3h da madrugada. O hospital montou um esquema de segurança para evitar que ela fosse fotografada. Ela entrou por uma porta lateral, desceu em cadeira de rodas e, chorando, teve de tomar morfina e analgésico para amenizar as dores. Quatorze exames de sangue e a ressonância magnética revelaram que ¿ela encontra-se bem¿, segundo palavras de seus médicos.

Para a equipe médica que atendeu a ministra, as dores são efeitos colaterais de uma das drogas ministradas juntamente com a quimioterapia, a exemplo das que têm o corticoide como princípio ativo. ¿Houve um quadro de inflamação muscular chamado de miopatia¿, disse um dos médicos. Há uma semana, Dilma foi submetida a uma sessão de quimioterapia.

De acordo com o hematologista Rogério Cardoso, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as dores musculares são comuns quando o paciente que se submete à quimioterapia está com a resistência imunológica baixa. ¿A miopatia é um efeito colateral comum do uso de corticoide, tipo de medicamento que geralmente integra a terapia contra o câncer¿, explica o médico. Quando o paciente está debilitado, a quimioterapia intensifica as alterações no sangue, como queda de glóbulos vermelhos, e aumenta com isso os riscos para infecções, além de sintomas neurológicos, como diminuição de sensibilidade, dor, prisão de ventre e queda de cabelos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou duas vezes de Pequim para o Sírio-Libanês. O primeiro telefonema, às 2h da madrugada, foi feito ao cardiologista Roberto Kalil, antes da ministra chegar ao hospital. No segundo, na manhã de ontem, Lula foi informado de que a ministra estava bem e que poderia deixar o hospital ainda hoje. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) disse que a ministra está bem e que ela dará uma entrevista no programa Mais Você, apresentado por Ana Maria Braga.