Título: Bens declarados pelo casal somam R$475 mil
Autor: Amora, Dimmi
Fonte: O Globo, 18/07/2008, O País, p. 3

Rosinha e Garotinho devem recorrer do bloqueio judicial até a próxima segunda.

CAMPOS E RIO. O bloqueio de bens do casal Garotinho, determinado ontem pela juíza Maria Paula Gouvêa Galhardo, da 4ª Vara de Fazenda Pública, atingirá um patrimônio declarado de pouco menos de R$500 mil. Nas informações que a ex-governadora Rosinha Garotinho prestou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), necessárias para o registro de sua candidatura como candidata a prefeita de Campos, no Norte Fluminense, são registrados um carro Vectra Sedan Elegance, no valor de R$53 mil, um outro carro Zafira 2.0, avaliado em R$62,1 mil, e aplicações de renda fixa, num total de R$360 mil. Somados, os bens chegam a R$475,1 mil. A última declaração de bens de Anthony Garotinho à Justiça Eleitoral, de 2002, indica que ele era dono apenas de uma linha telefônica.

Os advogados de Rosinha e Garotinho tiveram ontem acesso às 137 páginas do inquérito civil público que resultou no pedido de bloqueio de bens dos casal. A assessoria dos Garotinho informou que o recurso contra a decisão da Justiça será impetrado até segunda-feira.

Garotinho, que foi secretário de Governo da esposa, afirmou, em seu blog, que a referência a Rosinha é registrada em "apenas um parágrafo". Sobre ele, Garotinho disse que há referência a um documento enviado por ele à então governadora pedindo a substituição dos contratos, antes a cargo da Fundação Escola de Serviço Público (Fesp), pelo convênio com a Fundação Pro-Cefet - braço principal do escândalo que envolveu 138 micro-ONGs e o desvio de R$69 milhões.

Garotinho diz que acusação contra Rosinha "é risível"

Segundo Garotinho, o documento, que traz em anexo ofício que seria do ex-secretário de Saúde Gilson Cantarino - também preso na operação Pecado Capital -, não foi sequer periciado. Ao Ministério Público, Cantarino negou a autenticidade do documento. A atual administração da Secretaria estadual de Governo também não encontrou, nos arquivos da pasta, cópia do documento enviado pelo então secretário de Governo.

"O documento não está periciado e ninguém teve a preocupação de saber, se de fato encaminhei tal ofício, uma vez que jamais fui ouvido sobre o assunto", reclama Garotinho, que classificou a acusação contra Rosinha de "ainda mais risível". Um dos argumentos para a acusação do MP contra Rosinha é de que ela arrogou para si, no primeiro dia de governo, a prerrogativa de autorizar os contratos com as ONGs. O ex-secretário e ex-governador argumenta que havia, no estado, "uma verdadeira farra" em relação às empresas prestadoras de serviço.

Garotinho afirmou que a ação "tem caráter nitidamente eleitoral". Mesmo tom usado por Rosinha, em nota distribuída ontem. Ela disse que não se assusta com a investigação em torno do seu nome e o de Garotinho. Mas se disse preocupada com a maneira como os fatos investigados pelo Ministério Público estão sendo "usados".

"Estou tranqüila e certa de que, ao final de tudo isso, mais uma vez, ficará claro, para a população, que tentaram, mas não conseguiram sujar o meu nome, desequilibrar a minha candidatura, abalar a minha fé", disse Rosinha, que estranhou o momento em que foi divulgado o resultado da investigação, iniciada há dois anos. "Só agora, as conclusões são apresentadas, como um grande feito, no momento em que há o crescimento visível da minha candidatura à Prefeitura de Campos".