Título: Um ano depois, a dor dos parentes das vítimas
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Fonte: O Globo, 18/07/2008, O País, p. 15

Protesto e ato ecumênico reúnem familiares dos 199 passageiros mortos no Airbus da TAM, em Congonhas.

SÃO PAULO e BRASÍLIA. Um ano após a tragédia com o vôo JJ 3054 da TAM, parentes das 199 vítimas se reuniram no terreno onde a aeronave explodiu e, no horário exato em que ocorreu o acidente, leram os nomes de todas os passageiros. Antes, além de um minuto de silêncio, os familiares protestaram no saguão do Aeroporto de Congonhas, com um caixão de criança, e levaram flores para o local onde o Airbus A320 colidiu. O grupo ainda participou de um ato ecumênico. Os protestos contra o acidente seguem até o domingo na capital paulista.

Os parentes levaram cinco mil rosas brancas ao local da tragédia. Parte das flores foi colocada entre as estrelas que decoram o tapume que cerca a área do antigo prédio da TAM, onde a aeronave se chocou na noite de 17 de julho do ano passado. Foram colocados 201 arranjos, representando as 199 vítimas, duas delas grávidas.

O restante das flores adornou o palco montado no terreno da TAM para a celebração do ato ecumênico em homenagem às vítimas. Na única árvore no local do acidente, chamada pelos familiares de Árvore da Vida, foi colocado buquê de flores e uma decoração com fotos dos mortos.

A professora universitária Eny Sleck de Paula Pessoa viajou de Fortaleza para participar da manifestação. Ela perdeu o filho, um estudante de medicina de 21 anos, e a mãe de 73 anos:

- É muito triste, mas ao mesmo tempo a gente se sente melhor. A gente divide a nossa dor e isso ajuda muito.

Jobim diz que segurança em Congonhas melhorou

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que a segurança no aeroporto de Congonhas melhorou no último ano, após o acidente. Ele expressou solidariedade às famílias.

- Melhorou (a segurança) absolutamente, tanto é que não tivemos nenhum incidente desde aquele período e vamos continuar tendo segurança em Congonhas.

Segundo ele, o número de passageiros em Congonhas caiu em dois milhões por ano, com a redução de 50 para 34 pousos e decolagens por hora. O ministro afirmou que a volta de conexões e escalas, inicialmente suspensas e depois autorizadas, não ameaça a segurança, uma vez que o movimento no aeroporto foi reduzido de acordo com a sua capacidade.

Em relação à investigação realizada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), Jobim afirmou que não há como acelerar o trabalho:

- Não podemos sacrificar o conteúdo da investigação e das análises técnicas por causa da rapidez.

O chefe do Cenipa, brigadeiro do ar Jorge Kersul Filho, disse ontem na Câmara que o relatório da investigação sobre o acidente da TAM está em fase de conclusão.