Título: Juiz defende entrevistas à imprensa
Autor: Aggege, Soraya; Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 19/07/2008, Economia, p. 27

Para Fausto de Sanctis, declarações preservaram dignidade da Justiça Federal.

SÃO PAULO. O juiz Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal, divulgou nota ontem para defender as entrevistas dadas por ele à imprensa sobre a Operação Satiagraha. Sanctis disse que jamais entrou no mérito do caso e que não feriu a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, que proíbe juízes de manifestarem publicamente sua opinião sobre processos que ainda não tenham sido julgados.

Para Sanctis, as entrevistas "revelaram-se absolutamente indispensáveis para a preservação da dignidade da Justiça Federal". Ele defendeu ainda maior aproximação do Poder Judiciário com a imprensa.

"Este magistrado, como já se manifestou antes, tem consciência de que, como funcionário público, serve ao povo, verdadeiro legislador e juiz, e para corresponder à sua confiança não abre mão dos deveres inerentes ao cargo que ocupa, sempre respeitando os sistemas constitucional e legal, e a necessidade de bem esclarecer à população acerca do exercício do poder público, nunca violando sigilo legalmente previsto ou externando considerações sobre o fato concreto", disse, em nota. Segundo ele, as informações eventualmente veiculadas "contribuem para a transparência do serviço concebido para o público e para a concretização, real, do Estado de Direito".

Em entrevista coletiva na quinta-feira, o juiz disse que a Satiagraha poderá ser a última megaoperação da Polícia Federal no país. Sanctis também afirmou que, "embora a sociedade não tenha percebido", estão em curso no Congresso várias mudanças no Código de Processo Penal, que, segundo ele, impedirão prisões preventivas, darão acesso antecipado às investigações aos próprios investigados e, entre outras medidas, tornarão afiançáveis os crimes de colarinho branco. As mudanças se darão a partir de agosto.

- Estão inviabilizando as investigações, principalmente sobre crimes financeiros.