Título: MPF investiga 2.670 páginas na intern
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 20/05/2009, Brasil, p. 12
Depois da megaoperação realizada segunda-feira em 20 estados e no DF, procuradores preparam nova investida contra criminosos sexuais
Pelo menos 690 perfis em comunidades de relacionamentos na internet estão tendo seus sigilos quebrados pelo Ministério Público Federal em São Paulo. Com isso, subiu para 2.670 o número de páginas suspeitas de hospedar e divulgar material de pedofilia infantil no Brasil. Na segunda-feira, a Polícia Federal e o MPF desencadearam a Operação Turko, que fez 92 buscas e apreensões em 20 estados e no Distrito Federal. A ação terminou com 10 pessoas presas. Segundo o procurador da República Sérgio Suiama, do Grupo de Combates a Crimes Cibernéticos do MPF, 90% dos perfis são da rede de relacionamentos Orkut e a devassa foi possível graças à colaboração da Google, proprietária do site.
¿Esperamos que, com a operação de segunda-feira, as pessoas fiquem conscientes de que o Orkut não é uma terra de ninguém, que tem regras impostas pela Google e que é regido pelas leis brasileiras, onde a pornografia infantil é crime¿, afirmou Suiama ao Correio. Segundo ele, no próprio site existem mecanismos pelos quais os usuários podem denunciar a pedofilia, mas também outros tipos de crimes, como o racismo. Somente no ano passado, a organização não governamental SaferNet entregou cerca de 115 mil denúncias à comissão parlamentar de inquérito do Senado sobre a pedofilia.
Ao todo, segundo Suiama, são pelo menos 3,6 mil casos em investigação, o que deverá gerar novas operações em conjunto com a Polícia Federal. O número pode subir muito, devido às perícias que começaram a ser feitas em dezenas de computadores e mídias apreendidas na segunda-feira. ¿Temos 15 dias para concluir o trabalho e começar novas investigações¿, afirma o procurador da República em São Paulo. Apesar de estar baseado na capital paulista, o representante do Ministério Público está apurando casos em todo o país.
Na investigação feita pelas autoridades, e depois de uma filtragem das denúncias, ficou constatado que muitos perfis eram de uma mesma pessoa ou grupo, que atuavam em conjunto ou isolados. Muitas vezes os conteúdos eram oriundos de outros países, mas também havia pornografia infantil com crianças brasileiras.
Outros sites O procurador revelou que o Orkut concentra o maior número de denúncias por ser o site de relacionamentos mais utilizado no país, mas que existem outras redes sociais sendo investigadas. Segundo Suiama, a Google, que é proprietária do site, está colaborando com as autoridades brasileiras desde junho do ano passado, quando começou a quebrar os sigilos dos perfis suspeitos. ¿Quando os casos começaram a surgir, a Google retirava as páginas do ar, quebrava os sigilos e encaminhava a situação para o Ministério Público¿, explicou o procurador.
Além das ações da Polícia Federal e o Ministério Público, a CPI da Pedofilia do Senado está analisando 18,3 mil páginas de relacionamento social, o que pode resultar, também, em novas operações nos próximos meses. Desde o ano passado, foram desencadeadas três ações policiais, mas sem nenhuma pessoa presa. Antes da mudança do Estatuto da Criança e Adolescência, em novembro passado, o porte de material pornográfico com crianças não era criminalizado.