Título: Krugman prevê queda nos preços
Autor:
Fonte: O Globo, 24/07/2008, Economia, p. 24

Segundo o economista, emergentes tendem a conter alta inflacionária.

SÃO PAULO. O economista americano Paul Krugman afirmou ontem que a desaceleração da economia internacional deverá provocar uma queda dos preços das commodities a médio prazo, ajudando os países emergentes, como o Brasil, a conterem a alta da inflação. Krugman, que veio ao país para participar de um seminário sobre economia global, disse ainda que um processo de desaquecimento nos países em desenvolvimento é inevitável. Na sua avaliação, os emergentes estão crescendo muito rápido e é difícil manter esse ritmo sem aumento das taxas de inflação doméstica.

- Esses países estão crescendo a uma velocidade muito rápida, e é impossível manter tal ritmo. Além disso, eles (os emergentes) estão registrando inflação doméstica provocada, em boa parte, pelos preços das commodities - disse Krugman, ponderando que é missão dos respectivos bancos centrais conter a alta inflacionária com política monetária.

Para Krugman, crise americana não é catastrófica

Professor de economia de assuntos internacionais da Universidade de Princeton, Krugman avalia que a crise financeira recente nos EUA "é séria", mas não catastrófica.

Sobre a avaliação de alguns economistas e analistas internacionais de que uma desaceleração da economia chinesa seria boa para o Brasil, Krugman afirmou que não. Para ele, um crescimento menor da China seria negativo, porque o país é dependente da exportação de minério de ferro e outras commodities para os chineses.

Presente no evento, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, concorda que o desaquecimento internacional poderia ser favorável ao Brasil no sentido de moderar a pressão inflacionária sobre as commodities. Mesmo assim, reafirmou que o governo está mobilizado para usar todos os mecanismos para conter a inflação.

- As políticas monetárias e fiscal serão mobilizadas para manter a inflação sob controle - disse Coutinho.