Título: Usina financiará R$50 milhões de saneamento
Autor: Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 24/07/2008, Economia, p. 27

Está prevista ainda estrada-parque entre Paraty e Cunha.

BRASÍLIA. Além da obrigação de construir um depósito mais seguro de lixo radioativo, a Eletronuclear terá que cumprir outras 59 condicionantes para poder colocar a usina nuclear Angra 3 em funcionamento. A estatal, por exemplo, terá de assumir os custos de manutenção e custeio da Estação Ecológica de Tamoios e do Parque Nacional da Bocaina, entre os litorais Norte de São Paulo e Sul do Rio.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que a exigência faz parte da política do governo de não conceder licença sem a adoção de parques. Minc antecipou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai anunciar, no fim de agosto, a construção da Estrada Parque Paraty-Cunha e de uma nova ligação entre Angra e Barra Mansa.

Minc: problemas geralmente relatados por funcionários

Angra 3 também terá que financiar até R$50 milhões do saneamento ambiental dos municípios de Angra dos Reis e de Paraty.

- Eu sempre fui crítico em relação aos riscos (de uma usina nuclear). Uma vez o governo tendo batido o martelo, cabe a nós (da área ambiental), conhecendo o risco, exigir condições que minimizem os riscos - disse Minc.

O ministro destacou a necessidade de monitoramento da usina por um organismo independente, que pode ser, por exemplo, ligado a uma empresa ou uma universidade, como a Coppe/UFRJ ou a USP. Essa foi outra exigência feita pelo Ibama. Segundo Minc, nos últimos 15 anos, entre 60% e 70% dos problemas, como vazamentos de água, foram informados por funcionários da Eletronuclear individualmente, não pela empresa.

Minc adiantou ainda que a licença de instalação da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia, sairá no próximo dia 30. Segundo ele, também será imposta uma série de condicionantes ao empreendedor. Uma delas será a manutenção do Parque Nacional de Mapinguari, criado em 5 de junho deste ano, localizado nos municípios de Canutama e Lábrea, no sul do Amazonas.

Para ambientalistas, restrições são insuficientes

Representantes do Greenpeace fizeram uma manifestação ontem em frente ao Ministério do Meio Ambiente, durante a entrevista coletiva de Carlos Minc e do presidente do Ibama, Roberto Messias. Segundo o representante da Campanha Energias Renováveis, Ricardo Baitelo, apesar das condicionantes impostas, não houve a solução definitiva para o lixo:

- O governo optou por ir diretamente para Angra 3 sem considerar as outras energias renováveis, como eólica (ventos) e solar. (Mônica Tavares)