Título: Petrobras dá lance pela Esso no Chile
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 24/07/2008, Economia, p. 30

Após perder a rede no Brasil, estatal faz proposta agressiva no país vizinho.

RIO e BRASÍLIA. Depois de ter sofrido uma surpreendente derrota na briga pela rede de postos Esso no Brasil para a Cosan - maior grupo privado brasileiro de açúcar e álcool - a Petrobras entrou pesado na disputa para comprar os ativos da empresa americana no Chile. O diretor da Área Internacional da estatal, Jorge Zelada, contou ao GLOBO que a companhia apresentou proposta à Exxon Mobil, proprietária da rede, há cerca de dois meses. A venda da Esso Brasil para a Cosan foi fechada no dia 24 de abril.

- Avaliamos o negócio e achamos que seria uma boa oportunidade para entrar no mercado chileno, onde a Petrobras ainda não tem qualquer ativo - disse Zelada.

O diretor da estatal não quis revelar o valor da oferta. Na imprensa local do Chile circulam notícias de que a proposta da Petrobras teria sido da ordem de US$500 milhões. A oferta está sendo considerada bastante agressiva em relação às apresentadas pelos concorrentes.

Zelada espera que a Exxon dê uma resposta sobre o negócio em, no máximo, duas semanas.

Compra faz parte da estratégia da estatal

O executivo explicou ainda que, depois de entregar a proposta, a cúpula da Petrobras já se reuniu com executivos da Exxon Mobil para esclarecer alguns pontos sobre os negócios da empresa no Chile.

- Nossa proposta foi com base em uma avaliação criteriosa do negócio. Faz parte da estratégia da Petrobras ter uma presença na América do Sul. Agora, surgiu essa oportunidade de ir para o Chile - explicou Zelada.

A Esso tem no Chile cerca de 230 postos de combustíveis e bases de distribuição, segundo o diretor da Petrobras. Além disso, detém uma fatia de 17% do mercado, ocupando o terceiro lugar. Perde apenas para a Companhia de Petróleos de Chile (Copec) e para a anglo-holandesa Shell.

No ano passado, a Exxon Mobil anunciou o interesse em vender seus ativos na América Latina. Para isso, contratou o banco JPMorgan. Em março deste ano, a empresa anunciou ter desistido de se desfazer de seus negócios na Argentina. A Petrobras chegou a fazer uma proposta, que foi retirada posteriormente. Isso teria ocorrido porque, segundo fontes do setor, além de sofrer pressões contrárias do governo argentino, a empresa concluiu que o negócio não seria lucrativo, uma vez que os preços dos combustíveis são controlados pelo Estado e vendidos a preços subsidiados.

Na época, comentava-se que o governo da Argentina preferia ver o negócio nas mãos de um empresário nacional. A Petrobras é a segunda maior petroleira do país, atrás da Repsol YPF, e tem 14,6% do mercado de distribuição.

Cade aprova compra da Esso brasileira pela Cosan

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou ontem em rito sumário - vários processos julgados de uma só vez - a compra da Esso Brasileira de Petróleo pela Cosan. A operação foi anunciada em abril deste ano, no valor de US$826 milhões.

O negócio envolve mais de 1.500 postos de revenda de combustíveis, distribuídos em 20 estados brasileiros, além de uma fábrica de lubrificantes no Rio, um depósito de lubrificantes em Duque de Caxias (RJ), instalações operacionais em sete aeroportos brasileiros e terminais de distribuição de combustíveis.

COLABOROU Eliane Oliveira